quinta-feira, 14 de março de 2013

Novo Papa enfrentará desafio de evangelização na Ásia.

  
Fiéis de Sri Lanka rezam pela eleição do novo Papa em uma paróquia em Colombo
Foto: LAKRUWAN WANNIARACHCHI / AFP
Reverendo Bernardo Cerverella, editor do serviço oficial do Vaticano para os países asiáticos, lembra que continente é o mais populoso do mundo

TÓQUIO - O novo Papa terá que se voltar para a Ásia, onde a Igreja Católica enfrenta um de seus principais desafios, diz o Reverendo Bernardo Cerverella, editor da AsiaNews, serviço oficial do Vaticano para os países asiáticos. Bento XVI nunca visitou a região.

Por que a Ásia deve estar entre as prioridades do novo Papa?
A Ásia se transformou no centro da economia mundial. Além disso, é o continente mais populoso e o que tem o maior percentual de não-cristãos no mundo. A missão da Igreja deve se voltar para a Ásia. É uma região de muitas contradições, que representam problemas globais: tradição e modernidade; fundamentalismo e ateísmo; religião e materialismo; riqueza e pobreza. Todos esses aspectos vivem lado a lado, mas às vezes se chocam. Ligada a essa missão está a busca por um novo estilo de globalização. No modelo atual, há trocas de bens, de moedas e entre as pessoas, mas uma nova cultura é necessária para colocar o ser humano, e não apenas o lucro, como ponto central. Esse é o desafio da Igreja. Se não houver reconciliação, existe a chance de guerra: fundamentalismo contra o mundo moderno; subdesenvolvidos contra superdesenvolvidos; Estados totalitários contra populações oprimidas.

As tensões entre o Vaticano e o Governo comunista na China, onde não há liberdade religiosa, vêm crescendo. Este é o momento para se tentar um diálogo?
Devo dizer que o Papa Bento XVI fez algo em relação a China que não fez para outros países. Enviou uma carta às autoridades e fez várias tentativas de reabrir o diálogo. As reivindicações do Vaticano pela liberdade religiosa dos chineses e o direito de nomear os bispos católicos forçam a China a ver que não pode governar todas as esferas da vida de sua população. Pequim deve substituir a mentalidade totalitária pela de um Estado moderno, que protege e defende os direitos dos cidadãos. Mas a China está em meio a uma transição e há forças que não querem mudanças. Se o país não mudar, o regime corre o risco de colapso.

Como o senhor recebeu a eleição do cardeal Bergoglio?
O Papa Francisco é um homem dos pobres e das missões em nome de Jesus. É também conhecido por lutar contra o secularismo e em defesa da vida, trabalhando contra o aborto e a eutanásia através de engajamento social. São temas muito urgentes. O fato de ele ter escolhido o nome Francisco significa que se apresentará ao mundo sem defesas, mas com a força de seu testemunho.

A nacionalidade do Papa é um fator fundamental?
Não é importante. Todo cardeal tem uma educação internacional e exposição global. O sucessor de Bento XVI cuidará da Igreja do mundo todo, espalhando a missão de Cristo. Características geográficas e culturais ajudam, mas não são decisivas.
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 Foto: Fiéis de Sri Lanka rezam pela eleição do novo Papa em uma paróquia em Colombo LAKRUWAN WANNIARACHCHI / AFP 
Reportagem por 
Claudia Sarmento (Email · Facebook · Twitter)
Correspondente (Facebook · Twitter)

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