quarta-feira, 27 de março de 2013

Quarta-feira da Semana Santa

Quaresma


«A madre Sara disse: ‘se rezo a Deus para que todos estejam contentes comigo, acabarei a fazer penitência à porta de cada um. Rezarei antes para que o meu coração seja puro com  todos’.»

«Pai Antão dizia: ‘Retirai as tentações, e nunguém se salvará!’»

«Alguém perguntou ao Pai António: ‘que devo fazer para agradar a Deus?’ E o ancião respondeu: ‘Faz o que te digo: para onde quer que vás, tem sempre Deus diante de teus olhos; em tudo o que fizeres ou disseres, tem ptesente as Escrituras; mores onde morares, não fujas.»

«Isac, o Siro, dizia: “Alegra-te com os que estão alegres, e chora com os que choram. É este o sinal da pureza: sofrer com os que sofrem, estar de luto com os pecadores, alegrar-se com os que se arrependem; tornar-se amigo de todos os homens, não permanecer só com os próprios pensamentos. Participa das desgraças dos outros, mas permanece distante de todos com o corpo. Não vigiar nem acusar ninguém pelo seu comportamento, ainda que se tratasse da pessoa mais malvada. Estende a tua túnica sobre quem pecou e, se não podes carregar o seu pecado para receber a vergonha e o castigo em sua vez, sê ao menos paciente e não o desprezes."». 

«Um irmão pecou com o pensamento. Mais tarde, durante a reunião dos monges para tratar deste caso específico, foi chamado aba Moisés que se recusou a comparecer. Então o presbíterio mandou alguém a dizer-lhe: ‘Vem, o povo espera-te!’. O asceta pegou então numa cesta que encheu de areia e pôs-se a caminho para o local da reunião. Aos que, vindo para o saudar, lhe perguntavam o sentido de tal gesto, ele respondeu: ‘os meus pecados caem como a areia detrás de mim e não os vejo. Que venho então eu aqui fazer para criticar os pecados de outros?»

«Disse ainda outro Ancião: ‘é coisa boa comer carne e beber vinho, e não comer com a maledicência as carnes dos irmãos.”»

«Quanto mais o homem está unido ao próximo, tanto mais está unido a Deus. Escutai, por favor, esta comparação que eu aprendi de nossos pais. Imaginai que existe uma roda na terra bem impressa em forma redonda com um eixo ao centro que é o seu ponto central da roda. Escutai agora o que vos digo. Imaginais que o círculo é o mundo e que o centro é Deus. E que os raios que iniciam na roda do círculo e vão em direção ao centro são os caminhos e modos de vida dos homens. De modo que os santos que desejam aproximar-se de Deus caminham para o interior desses raios, aproximando-se de Deus, ficando mais próximos uns dos outros segundo o grau da sua aproximação; e quanto mais se aproximam de Deus mais eles se aproximam uns dos outros e quanto mais se aproximam uns dos outros, tanto mais se aproximam de Deus. O mesmo sucede quando se afastam: quanto mais se afastam do centro, mais se afastam de Deus e uns dos outros. Tal é a natureza da caridade: à medida que nos distanciamos e não amamos Deus também nos afastamos do nosso próximo. E, pelo contrário, na medida em que amamos Deus, aproximando-nos d’Ele pela caridade, ficaremos unidos pela caridade ao próximo e a Deus» (Abade Doreteu).
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Seleção e tradução: Fr. Isidro Lamelas, OFM, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa 
Fonte: http://www.snpcultura.org/quaresma_2013.html

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