ENTREVISTA José Luis Caravias/Padre espanhol
Nascido
na Espanha, Caravias já fugiu de duas ditaduras. Depois de ter se
mudado para o Paraguai em 1961 e passado a organizar cooperativas
camponesas, foi expulso do país em 1972. Foi colocado em uma caminhonete
da polícia do ditador Alfredo Stroessner e largado no Chaco argentino,
onde trabalhou com operários. Ameaçado de morte, segundo ele “pelos
patrões”, mudou-se para Buenos Aires e se reportava ao jesuíta Jorge
Mario Bergoglio. Ontem, por telefone de Assunção, o religioso disse a
Zero Hora que considera uma “calúnia” as acusações de que Bergoglio
teria colaborado com torturadores:
Zero Hora – Como o senhor conheceu Bergoglio?
José Luiz Caravias – Eu trabalhava no Chaco argentino, onde ajudei a formar ligas agrárias. Fui perseguido lá e decidi me mudar para Buenos Aires, onde comecei a atuar em vilas pobres. Bergoglio era o provincial dos jesuítas em Buenos Aires e atuamos juntos. Bergoglio, no entanto, não tinha uma atuação forte naquele momento nas vilas e por isso não era perseguido.
ZH – O que Bergoglio fez naquele momento?
Caravias – A situação eram muito difícil. Dois sacerdotes amigos meus tinham sido mortos (Carlos Mugica e Mauricio Silva). Bergoglio me alertou que eu estava na mesma lista dos meus amigos que tinham sido mortos e que deveriam ir embora. Nos encontrávamos discretamente, na casa provincial e também em outros lugares, e pensávamos no que iríamos fazer.
ZH – O que ele dizia?
Caravias – Ele sempre foi muito amável, carinhoso. Ele dizia que não valia a pena morrer. Se opor à ditadura naquele momento era jogar pela vida. Estou vivo graças a ele.
ZH – O que vocês decidiram?
Caravias – Passamos uma temporada pensando, não foi uma decisão improvisada. Concluímos que eu deveria ir para a Espanha. Bergoglio me deu permissão para ir e me ajudou a comprar a passagem. A ideia era que eu retornasse em um mês, mas a ditadura só piorou. Quando eu estava na Espanha, Jorge Bergoglio me avisou para que não voltasse à Argentina que o clima estava ainda mais pesado. Então, fui para o Equador trabalhar com indígenas. Soube depois que pessoas que conheço foram torturadas em busca de informações. Foram brutalmente torturadas. Bergoglio me disse que a Triple A havia decretado a morte de sacerdotes. Eu estava na mesma lista que Jalics. O movimento paramilitar era muito cruel. Ele também convidou Jalics a sair, mas Jalics decidiu ficar.
ZH –Vocês voltaram a se falar?
Caravias – Não, desde que voltei a morar no Paraguai (em 1989), nunca mais nos encontramos.
ZH – Por que surgem denúncias de que Bergoglio teria, na verdade, colaborado com a ditadura argentina?
Caravias – É tudo mentira, calúnia. A alguém não interessa um papa austero, querem lhe desprestigiar.
José Luiz Caravias – Eu trabalhava no Chaco argentino, onde ajudei a formar ligas agrárias. Fui perseguido lá e decidi me mudar para Buenos Aires, onde comecei a atuar em vilas pobres. Bergoglio era o provincial dos jesuítas em Buenos Aires e atuamos juntos. Bergoglio, no entanto, não tinha uma atuação forte naquele momento nas vilas e por isso não era perseguido.
ZH – O que Bergoglio fez naquele momento?
Caravias – A situação eram muito difícil. Dois sacerdotes amigos meus tinham sido mortos (Carlos Mugica e Mauricio Silva). Bergoglio me alertou que eu estava na mesma lista dos meus amigos que tinham sido mortos e que deveriam ir embora. Nos encontrávamos discretamente, na casa provincial e também em outros lugares, e pensávamos no que iríamos fazer.
ZH – O que ele dizia?
Caravias – Ele sempre foi muito amável, carinhoso. Ele dizia que não valia a pena morrer. Se opor à ditadura naquele momento era jogar pela vida. Estou vivo graças a ele.
ZH – O que vocês decidiram?
Caravias – Passamos uma temporada pensando, não foi uma decisão improvisada. Concluímos que eu deveria ir para a Espanha. Bergoglio me deu permissão para ir e me ajudou a comprar a passagem. A ideia era que eu retornasse em um mês, mas a ditadura só piorou. Quando eu estava na Espanha, Jorge Bergoglio me avisou para que não voltasse à Argentina que o clima estava ainda mais pesado. Então, fui para o Equador trabalhar com indígenas. Soube depois que pessoas que conheço foram torturadas em busca de informações. Foram brutalmente torturadas. Bergoglio me disse que a Triple A havia decretado a morte de sacerdotes. Eu estava na mesma lista que Jalics. O movimento paramilitar era muito cruel. Ele também convidou Jalics a sair, mas Jalics decidiu ficar.
ZH –Vocês voltaram a se falar?
Caravias – Não, desde que voltei a morar no Paraguai (em 1989), nunca mais nos encontramos.
ZH – Por que surgem denúncias de que Bergoglio teria, na verdade, colaborado com a ditadura argentina?
Caravias – É tudo mentira, calúnia. A alguém não interessa um papa austero, querem lhe desprestigiar.
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Fonte: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/23/03/2013
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