L.F. Veríssimo*
O baseball é aquele esporte em que os jogadores passam mais tempo
ajustando o boné do que jogando. E o cricket consegue ser ainda mais
chato. Claro, esta é a opinião de um preconceituoso assumido, que
prefere a plasticidade e a ação contínua do futebol. E, mesmo sendo
jogos aborrecidos, o baseball e o cricket têm histórias curiosas, num
contexto que tem menos a ver com esporte do que com política,
imperialismo e os paradoxos do colonialismo cultural.
Os dois países americanos em que o baseball é mais popular, além dos Estados Unidos, são Cuba e Venezuela. Fidel foi jogador de baseball, Chávez não sei se jogou, mas era fã. Nos dois países mais anti-Estados Unidos da região, o esporte nacional é o mais típico dos esportes dos Estados Unidos. É verdade que o gosto pelo baseball antecede os acidentes históricos que deram no antagonismo de hoje. O baseball de Cuba teve origem na ocupação do país pelos americanos no fim do século 19. Sobreviveu ao fim da ocupação e, mais tarde, ao fim da influência norte-americana, com a expulsão de Batista e a ascensão de Fidel. O baseball cubano nunca ligou para a História. Na Venezuela, não houve ocupação norte-americana, mas houve anos de intenso colonialismo cultural numa elite e numa classe média voltadas para exemplos e hábitos norte-americanos, parte da mentalidade desafiada pelo bolivarismo chavista. Mas a popularidade do baseball permaneceu intocada. Bolívar, presume-se, também seria fã.
Os dois países americanos em que o baseball é mais popular, além dos Estados Unidos, são Cuba e Venezuela. Fidel foi jogador de baseball, Chávez não sei se jogou, mas era fã. Nos dois países mais anti-Estados Unidos da região, o esporte nacional é o mais típico dos esportes dos Estados Unidos. É verdade que o gosto pelo baseball antecede os acidentes históricos que deram no antagonismo de hoje. O baseball de Cuba teve origem na ocupação do país pelos americanos no fim do século 19. Sobreviveu ao fim da ocupação e, mais tarde, ao fim da influência norte-americana, com a expulsão de Batista e a ascensão de Fidel. O baseball cubano nunca ligou para a História. Na Venezuela, não houve ocupação norte-americana, mas houve anos de intenso colonialismo cultural numa elite e numa classe média voltadas para exemplos e hábitos norte-americanos, parte da mentalidade desafiada pelo bolivarismo chavista. Mas a popularidade do baseball permaneceu intocada. Bolívar, presume-se, também seria fã.
O cricket e o futebol são –
simplificando – os esportes da aristocracia e do proletariado inglês.
Era de se esperar que, em todo o “commonwealth” que restou do
imperialismo britânico, o cricket fosse execrado como símbolo da
presença imperial e da prepotência do homem branco. Mas por toda a Ásia e
a Oceania, até em lugares em que o império nunca esteve, o cricket é
popular. Seus melhores jogadores são ídolos nacionais. Suas regras e
excentricidades, como partidas que duram uma tarde inteira com intervalo
para o chá, são as mesmas da ex-metrópole. E os times do ex-império
constantemente humilham times ingleses, e ninguém chama de vingança. Vá
entender.
Agora, que são chatos, são.
Agora, que são chatos, são.
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* Escritor. Colunista da ZH.
Fonte: ZH on line, 11/03/2013
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