Pe. João Batista Libanio, SJ.*
A
palavra crise povoa nosso o vocabulário desde cedo. Aquelas que ocorrem em nível
pessoal são as primeiras a serem conhecidas. A criança começa a crescer e já
lhe falam da crise de adolescência. Assim, a cada etapa da vida se anuncia nova
crise. Outras abrem arcos maiores. Atingem a economia. Fala-se tanto hoje da
crise econômica. E a política? Nem se fala. Crise mais profunda acontece na
cultura. A modernidade vê-se assediada pela pós-modernidade que lhe abala os
alicerces.
Só a fé
no amor infinito de Deus, não racionalmente entendida, mas experimentada,
permite-nos nunca perder o sentido da vida
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Vamos
mais longe. Lá no fundo do coração mora Deus. Santo Agostinho nos diz que ele é
o mais íntimo de nós mesmos e o mais sublime do que há de mais elevado em nós.
Ele dá-nos sentido para viver. Ele se revelou na história como puro amor. E
quando tudo estava perdido, lá chega Ele e restaura. Salva. Quando a nossa
relação com Deus entra em crise: eis a maior crise que nos afeta. E por quê? Se
Ele nunca falha, não se cansa de nós, nem nos deixa de perdoar. Por que
entramos em crise de sentido, de vida, de fé em Deus? Dura conjuntura da
existência humana!
Facilmente fantasiamos a realidade. Avisa-nos que chegará alguém maravilhoso. Aí a imaginação entra em ação. Acontece o encontro. Frequentemente saímos frustrados porque o sonhado não se realizou. Quantas e quantas vezes isso nos tem acontecido em face de pessoas, acontecimentos, festas. Depois que tudo termina, sentimos um vazio sem graça, um silêncio inquietante, um desfolhar triste.
O Deus imaginado por nós não escapa de tal experiência. Aí está uma das causas. Pelas pregações, leituras, catequeses nem sempre lúcidas elaboramos de Deus imagens, ora terríficas, ora de um Grande Mágico que com o condão da vontade resolve para nós todo problema, modificando a realidade em nosso favor. Quando isso não acontece, entramos em crise. Até Jesus, o Filho, no horto das Oliveiras exclamou pedindo que Deus lhe afastasse o cálice. Deus silenciou. Mas Jesus soube ir mais fundo e acrescentou: Faça-se a tua vontade e não a minha.
Facilmente fantasiamos a realidade. Avisa-nos que chegará alguém maravilhoso. Aí a imaginação entra em ação. Acontece o encontro. Frequentemente saímos frustrados porque o sonhado não se realizou. Quantas e quantas vezes isso nos tem acontecido em face de pessoas, acontecimentos, festas. Depois que tudo termina, sentimos um vazio sem graça, um silêncio inquietante, um desfolhar triste.
O Deus imaginado por nós não escapa de tal experiência. Aí está uma das causas. Pelas pregações, leituras, catequeses nem sempre lúcidas elaboramos de Deus imagens, ora terríficas, ora de um Grande Mágico que com o condão da vontade resolve para nós todo problema, modificando a realidade em nosso favor. Quando isso não acontece, entramos em crise. Até Jesus, o Filho, no horto das Oliveiras exclamou pedindo que Deus lhe afastasse o cálice. Deus silenciou. Mas Jesus soube ir mais fundo e acrescentou: Faça-se a tua vontade e não a minha.
Olhando
para Jesus, então entenderemos que em tudo o que nos acontecer há sempre um
sentido maior que se chama amor
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A
crise de sentido depende muito dessa dupla atitude: a espera da solução de um
problema e sua permanência. Então nos cabe ir mais fundo ainda na experiência
de Deus para encontrar o sentido da vida. Para além da visibilidade do que não
aconteceu, está Ele com o infinito amor a esperar-nos. Ele também se vinculou à
sua criação e não brinca com ela, mas a respeita. E a confluência das
causalidades provoca não raro catástrofes que nos afetam diretamente. Entender
que Deus não se ausentou, mas se fez presente de outra maneira, eis a chave
para enfrentar a crise de sentido.
Além de todos os fatos, até mesmo na morte na cruz, foi possível que Jesus exclamasse: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. A certeza da bondade e do amor do Pai lhe deu ânimo para suportar o terrível tormento da morte ensanguentada numa cruz. E olhando para Jesus, então entenderemos que em tudo o que nos acontecer há sempre um sentido maior que se chama amor e que supera o aparente absurdo a nos envolver. Só a fé no amor infinito de Deus, não racionalmente entendida, mas experimentada, permite-nos nunca perder o sentido da vida.
Além de todos os fatos, até mesmo na morte na cruz, foi possível que Jesus exclamasse: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. A certeza da bondade e do amor do Pai lhe deu ânimo para suportar o terrível tormento da morte ensanguentada numa cruz. E olhando para Jesus, então entenderemos que em tudo o que nos acontecer há sempre um sentido maior que se chama amor e que supera o aparente absurdo a nos envolver. Só a fé no amor infinito de Deus, não racionalmente entendida, mas experimentada, permite-nos nunca perder o sentido da vida.
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* Prof. Teologia e Filosofia - Faculdade Jesuíta/MG.
Fonte: http://www.arquidiocesebh.org.br/site/23/08/2013
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