Palestrantes do primeiro dia do Fórum HSM Inovação &
Competitividade 2013 propõem a mudança de olhar para mudar a realidade e
o futuro dos negócios e da sociedade
Inovar é mudar a perspectiva
O primeiro dia do Fórum HSM Inovação & Competitividade 2013
proporciou ao público presente no Teatro Alfa, em São Paulo, a
oportunidade de conhecer a visão de representantes da academia e do
mundo corporativo sobre o que é a inovação e como ela pode tornar-se
vetor de competitividade para os negócios e mudança social.
Em comum, os cinco palestrantes fizeram um convite à audiência: ver o
mundo por outra perspectiva. Afinal, olhar as coisas pelo ângulo
costumeiro não libera a criatividade necessária para que a inovação
aconteça. Esse foi o ponto defendido por Alan Iny, do
Boston Consulting Group, que falou sobre a mudança em modelos mentais,
tangibilizada pelos exemplos que os demais palestrantes trouxeram.
Martin Lindstrom, especialista em neuromarketing,
mostrou a importância de ver o mundo pelos olhos do consumidor, que não é
só razão e consciência, enquanto Rivadávia Drummond,
expert em gestão do conhecimento e inovação, denunciou a arrogância que
nos impede de ver e criar um mundo novo –de narrativas atraentes e
resultados favoráveis.
Peter Diamandis, da Singularity University,
apresentou o mundo melhor que ele espera ver nos próximos anos. Uma
realidade abundante proporcionada pelas tecnologias exponenciais e pela
conexão de muitos que colaboram, tema explorado também por Fabio Coelho, diretor geral do Google, que enfatizou a evolução no sentido da economia digital.
Conheça mais sobre o conteúdo das palestras do primeiro dia do Fórum HSM Inovação & Competitividade 2013.
Peter Diamandis
A abundância está próxima
Peter Diamandis defende que os problemas mundiais são passíveis
de solução na era da colaboração em rede e da tecnologia que evolui
exponencialmente
Médico e cofundador da Singularity University, Peter Diamandis abriu a
rodada de palestras do Fórum HSM Inovação & Competitividade com uma
mensagem otimista: “Não há problema neste planeta que não possa ser
resolvido”. A solução, para ele, advém da combinação de conhecimento,
tecnologia e capital.
O palestrante explicou que, como seres humanos, evoluímos, ao longo
de milênios, a partir de um mundo local e linear. Dito de outro modo,
tudo o que afetava o homem primitivo das planícies africanas ficava a um
dia de caminhada. Além disso, nada mudava de um século para o outro.
“Hoje, o mundo é global e exponencial. Muda ano a ano”, compara
Diamandis.
Não tendo compreendido a natureza exponencial da evolução
tecnológica, a Kodak, uma empresa que, em 1996, valia US$ 28 bilhões e
tinha mais de 100 mil funcionários, foi à falência em função de sua
própria criação: a câmera digital. Muito limitada no início, o
dispositivo foi considerado um brinquedo pela companhia. No entanto, sua
tecnologia evoluiu rapidamente, pelas mãos de outras empresas.
Fruto dessa revolução, o Instagram foi adquirido pelo Facebook por US$ 1 bilhão em 2012. À época, só tinha 13 funcionários.
Além da tecnologia exponencial, que se traduz por impressão 3D,
biologia sintética, robótica e outras inovações, as ferramentas de
comunidade são a segunda força que criará um mundo de abundância nos
próximos anos, na visão de Diamandis. Ele se refere, por exemplo, ao
data mining, que ganha impulso com a colaboração em grande escala de
pessoas que podem dar sentido aos dados disponíveis em qualquer parte.
Alan Iny
Pensem em novas caixas
Duvidar sempre do modo como as coisas são feitas: esse é um dos
conselhos de Alan Iny para liberar o potencial transformador da
criatividade
Especialista em cenários do Boston Consulting Group, Alan Iny
despertou a atenção da audiência do Fórum HSM Inovação &
Competitividade para o potencial transformador do pensamento criativo,
levando em conta que, como o filósofo Immanuel Kant alertou, vemos o
mundo pelos nossos olhos, ou como somos.
Iny propôs um exercício de imaginação: “Qual a probabilidade de as
viagens aéreas se reduzirem em 95% em cinco anos?” “Nenhuma”, a maioria
diria. Ele muda a pergunta: “Estamos em 2018 e o volume de viagens
aéreas é 95% menor do que o de 2013. Como isso aconteceu?”
Tal interrogação gera uma série de respostas, plausíveis ou não
(aumento da carga tributária sobre as companhias, excesso de pássaros
etc.), e libera a criatividade ao estimular, em vez de o raciocínio
redutivo e analítico (como faz a primeira pergunta), o raciocínio
indutivo, ambíguo e criativo.
Segundo o palestrante, pensamos em caixas –modelos mentais que
simplificam o mundo, como, “jogadores de basquete são altos”. Porém, a
mudança transformacional só ocorre quando mudamos as próprias caixas,
como fez a Bic quando pensou em vender isqueiros e lâminas de barbear.
Ela não criou algo novo, mas olhou diferentemente para algo que já
havia. Mudou o modelo mental, portanto.
Para criar caixas novas, o consultor propõe que se sigam os seguintes
passos: duvidar dos modelos atuais; explorar opções; divergir para
gerar muitas ideias; convergir para selecionar as que levem a resultados
extraordinários e reavaliá-las incansavelmente.
Martin Lidstrom
A irracionalidade dominante
Sentimo-nos mais seguros quando pensamos ser racionais, mas
agimos, a maior parte do tempo, irracionalmente, alerta Martin Lindstrom
“Quantos diriam que são profundamente irracionais em tudo o que
fazem?”, pergunta Martin Lindstrom à plateia. Pouquíssimos erguem as
mãos. Em seguida, porém, o especialista em neuromarketing revela algo
sobre si: “Eu aperto o botão do elevador várias vezes, se estou com
pressa, e sempre pego o segundo jornal da pilha na banca. Vocês também
não fazem isso? Quem aqui bate na madeira?”
Lindstrom não apenas se reconhece irracional como também pesquisa
consumidores do mundo todo –inclusive hospedando-se na casa deles– para
identificar irracionalidades que impactam hábitos de consumo e marcas.
Ele ressalta que 85% do que fazemos provêm de motivações inconscientes
que, inclusive, são comuns a todos.
O palestrante recheou sua apresentação de narrativas. Ressaltando que
a aplicação do conhecimento sobre as irracionalidades humanas pode
gerar receitas, ele cita o fato de que os supermercados deixam de
faturar mais porque não se atentam ao fato de que os destros, que são
91% das pessoas, prefem circular pelo supermercado em sentido
anti-horário, pois assim alcançam a prateleira mais facilmente.
Ao perseguir a inovação, Lindstrom recomenda que se busque a
intersecção entre estudos quantitativos, pesquisas qualitativas e
neuromarketing. “A neurociência serve para verificar os resultados dos
outros estudos”, esclarece. Ele acrescenta que é preciso atentar para a
regra do 1:9:90, que significa que as pessoas seguem umas às outras na
seguinte escala: se influenciamos uma pessoa com nossa mensagem, ela
influenciará nove pessoas, e essas nove influenciarão noventa.
Fábio Coelho
Participe da economia digital
Fábio Coelho anuncia que a economia digital impulsionará mudanças em processos e alerta para o risco de permanecer à margem dela
Fábio Coelho, diretor geral do Google, salientou, durante sua
palestra, a necessidade de as companhias estabelecidas participarem da
economia digital, que permite ganhos exponenciais àqueles que embarcarem
na mudança. “Mas muitos ainda acreditam que digital diz respeito
somente a um tipo de propaganda”, observou.
De acordo com Coelho, teremos 9 bilhões de pessoas conectadas no
mundo em breve, e há muita oportunidade para transformar a conectividade
e, com isso, a sociedade inteira. Já houve uma explosão do consumo de
conteúdo, por meio de plataformas como o Facebook e o YouTube, e de
produção de conteúdo, que já não precisa estar em veículos líderes para
ser impactante.
“O Porta dos Fundos, por exemplo, revela a relação direta e contínua
entre produtor e consumidor. Um de seus vídeos atingiu mais de 8 milhões
de views. Ele permanece online e as pessoas o consomem em prazo muito
maior do que o fariam na mídia convencional. Essa relação sem
intermediários sinaliza a possiblidade de real democratização”, comenta o
palestrante.
A revolução da economia digital começa pelo software (entendimento de
voz, tradução de idiomas), passa pelo hardware (Google Glass, lâmpadas
inteligentes) e afeta processos. O Google, por exemplo, lançou um
serviço, na Califórnia, de “sameday shopping”, pelo qual qualquer coisa é
enviada no mesmo dia. No Brasil, já fazem sucesso serviços que nascem
no ambiente da web, como o Easy Taxi e o 99 táxi.
“O mundo passará por inevitável reinvenção de processos. Estamos
começando a era do ambient computing, e ela depende da evolução dos
gadgets”, conclui Coelho.
Rivadávia Drummond
Não espere só pelo Graal
Rivadávia Drummond destaca alguns porquês do fracasso da inovação e ensina o caminho para fazê-la funcionar
Especialista em gestão do conhecimento e inovação, Rivadávia Drummond
defende que, para que a inovação funcione, ela precisa passar por dois
testes: o da narrativa, que confere sentido à iniciativa, e o dos
números, que compensem o risco que se corre. Exemplo disso é o site
iCasei, pelos quais os noivos criam lista de presentes para seus
convidados escolherem, definem os preços dos itens e recebem a quantia
em dinheiro correspondente, já descontada a taxa do site.
O palestrante entende que é difícil inovar no Brasil porque aqui se
dá pouco valor a ciência e tecnologia. “Há fartura de inteligência, mas
há muitos entraves institucionais”, comenta. Ele ainda explica que “não
precisamos encontrar o Santo Graal, não é preciso criar o iPad o tempo
todo”, mas que inovação requer criação de valor. Mas, em muitas
empresas, há pouco espaço para que novas ideias sejam colocadas,
especialmente quando os dirigentes acreditam que já sabem tudo.
Para Drummond, a inovação estratégica pode ser pensada em termos das
alavancas da inovação. São três alavancas em tecnologia: produtos e
serviços, processos tecnológicos e tecnologias capacitadoras. Os bancos
inovam processos tecnológicos e nos fazem trabalhar para eles em casa, e
ainda pagando por isso.
Já as alavancas de modelo de negócios são: proposta de valor ao
mercado, cadeia de suprimentos e cliente-alvo. A CEF inovou em cadeia de
suprimentos quando fez com que cada casa lotérica operasse algumas
funções de agência bancária.
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Fonte: HSM Inspiring Ideas
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