Publicação de pelo menos mais cinco livros do autor de "O Apanhador no Campo de Centeio" pode começar em 2015.
Documentário que estreia nos EUA no dia 6 aponta que o escritor, morto em 2010, deixou instruções para edições.
As obras completas de J.D. Salinger ainda não foram publicadas, segundo
um filme e um livro que serão lançados na próxima semana.
Salinger, que morreu em 2010, aos 91 anos, ficou conhecido por uma obra
literária aclamada, porém escassa, ofuscada pelo livro que lançou em
1951, "O Apanhador no Campo de Centeio".
Um documentário prestes a ser lançado, acompanhado de um livro que
reproduz e complementa o roteiro, ambos com o título "Salinger", afirma
com detalhes que o escritor deixou instruções para os responsáveis por
sua obra para que publicassem pelo menos cinco livros adicionais
--alguns inteiramente inéditos, alguns que ampliam textos já
publicados--, numa sequência que deve começar no início de 2015.
Os novos livros e contos foram escritos muito antes de Salinger assinar
essa declaração de intenções em 2008, e vão expandir bastante o legado
do autor.
Uma coletânea, que será chamada "The Family Glass", vai somar cinco
novas histórias a um lista de já publicadas sobre a fictícia família
Glass, que surgiu no livro "Franny e Zooey".
Outra deverá incluir uma retrabalhada versão de uma história de Salinger
já conhecida mas nunca publicada, "The Last and the Best of Peter
Pans", que será reunida a histórias novas ou já editadas da família
Caulfield, entre elas "O Apanhador no Campo de Centeio".
FILOSOFIA E GUERRA
Os trabalhos inéditos devem incluir um manual romanceado da filosofia
hinduísta Vedanta, com a qual Salinger se envolveu, uma novela baseada
em seu primeiro casamento e passada durante a Segunda Guerra Mundial, e
uma outra novela, inspirada em suas próprias experiências na guerra.
Por décadas, pessoas próximas a Salinger disseram que ele continuou
escrevendo assiduamente, embora tenha parado de publicar desde a novela
"Hapworth 16, 1924", que saiu na revista "The New Yorker" em 1965. Mas
só agora são revelados tantos detalhado dos planos de publicações
póstumas.
Matthew Salinger, filho e controlador do legado do escritor ao lado de
sua viúva, não quis discutir os planos do pai como o documentarista. Foi
a mesma posição da editora de "Apanhador no Campo de Centeio", Little,
Brown and Company.
O documentário, que será lançado no dia 6 de setembro, é dirigido por
Shane Salermo, um cineasta que passou nove anos pesquisando e filmando
material. O livro sobre o filme, escrito por Salermo e David Shields,
será lançado pela Simon & Schuster no dia 3.
Dando entrevista em seu escritório em Los Angeles, Salermo apontou para
mesas e gavetas lotadas de fotos nunca publicadas, centenas de cartas e
até um diário manuscrito da Segunda Guerra que pertenceu a um dos mais
antigos amigos de Salinger, um soldado chamado Paul Fitzgerald, já
morto.
A descoberta dos planos de publicação, segundo Salermo, tomou forma na
parte final de suas pesquisas. Ele credita os detalhes do acordo a duas
fontes anônimas, descritas no livro como "independentes e sem ligação
uma com a outra". Salermo diz que são pessoas que nunca se falaram, mas
ambas sabiam dos planos.
O livro e o filme estão sendo promovidos com a promessa de revelações
sobre Salinger, que fez da busca por privacidade sua marca registrada. A
campanha promocional inclui um pôster com a imagem de Salinger com o
dedo na frente dos lábios, com a inscrição: "Descubra o mistério, mas
não revele os segredos".
DUAS MULHERES
O livro, com 698 páginas, viaja pela vida do escritor que participou do
desembarque aliado na Normandia na Segunda Guerra Mundial e voltou aos
EUA casado com uma alemã, Sylvia Welter. O livro traz detalhes sob a
suspeita de que ela era, na verdade, uma informante da Gestapo. Depois
de poucas semanas, Salinger deixou no prato dela, servido para o café da
manhã, uma passagem aérea para a Alemanha.
Outro relacionamento descrito no livro vai intrigar os seguidores de
Salinger. Logo após a guerra, ele teria conhecido uma garota de 14 anos,
Jean Miller, em um resort na Flórida. Por anos, eles trocaram cartas,
passaram períodos juntos em Nova York e teriam tido uma única relação
sexual. Segundo depoimento de Miller no filme/livro, ele a abandonou no
dia seguinte a essa relação. Segundo ela, um de seus contos foi
inspirado por ela: "For Esmé - With Love and Squalor".
Para Salermo, livro e filme concluem uma busca que acompanhou seu
trabalho de roteirista em Hollywood, de filmes como "Os Selvagens" e a
ainda inédita continuação de "Avatar".
"Salinger está prestes a ter um segundo ato em sua vida, como nenhum
outro escritor na história", diz Salermo. "Não há precedentes."
Poucos e Bons Salinger no Brasil
Editora do Autor
R$ 66 (208 págs.)
Publicação nos EUA: 1951
"Nove Estórias"
Editora do Autor
R$ 48 (184 págs.)
Publicação nos EUA: 1953
"Franny e Zooey"
Editora do Autor
R$ 48 (172 págs.)
Primeira publicação: 1961
"Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira" & "Seymour, uma Apresentação"
Editora L&PM
R$ 18 (182 págs.)
Publicação nos EUA: 1963
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Reportagem por MICHEL CIEPLY JULIE BOSMANDO "NEW YORK TIMES"
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