Chef norueguês Geir Skeie sobre os food trucks: 'Difícil parar uma moda americana' - ANTONIO SCORZA / Agência O Globo
Norueguês que largou sonho do futebol para se dedicar à gastronomia veio ao Rio participar de evento de hotelaria e ser jurado em etapa brasileira de concurso
“Tenho 35 anos e sempre sonhei em ser um chef de cozinha. Desde os meus 13
anos, quando o primeiro norueguês venceu o concurso de gastronomia Bocuse d´Or,
o maior do mundo, fiquei obcecado com a ideia. Em 2009, fui o mais jovem a
vencer e abri meu restaurante. Hoje sou jurado do concurso”
Conte ago que não sei.
Depois de ganhar concursos, virei jurado. E posso dizer: quando você julga
um prato, pensa 60% se é saboroso, 20% na maneira de fazer e mais 20% na
apresentação. O elemento principal é que importa. Peixe tem que ter gosto de
peixe!
Palavra de quem cozinhava quando era
criança...
Também gostava de jogar futebol. Mas percebi que não era, digamos assim,
muito talentoso, e que queria ser o Maradona. Então, fui cozinhar. Botei na
cabeça que seria o melhor chef de cozinha do mundo.
Maradona, o melhor?
Bem... Houve o Pelé... O fato é que eu não seria um deles.
Qual foi sua primeira receita?
Acredito que tenham sido waflles. É fácil de fazer. Minhas primeiras
lembranças na cozinha remetem aos meus 4 anos, quando via meu pai cozinhar
peças de cordeiro. Sempre fui interessado. Cozinho de tudo, principalmente
frutos do mar.
Bom, quando pensamos na Noruega,
pensamos em...
“Bacalau”, é claro! Sim, sim. Fazemos muito na região onde moro e trabalho.
Mas lá temos mais o peixe fresco, não muito da forma que vocês consomem,
salgado e seco.
Quando a cozinha dá uma folga, você costuma velejar. Como são essas viagens?
Vivi um ano e meio num barco. Moro numa ilha e faz parte da rotina essa
relação com o mar, a pescaria. Tenho um pequeno veleiro, com amigos. Fazemos
viagens curtas. A última foi um fim de semana na Suécia. Fomos também à
Inglaterra.
Cozinharam no barco?
Fico enjoado nessas viagens. Em geral, comemos frango, é mais fácil de fazer
no forno. Já no veleiro tenho que confessar que comemos mesmo sanduíches. Não
dá para inventar.
O que espera da culinária
brasileira?
É minha primeira vez na América do Sul. E realmente a minha única referência
são as “churrasquerias”. Mas vamos ficar uns dias pesquisando.
E pegar uma praia...
Sim, claro. Na Noruega as temperaturas estão entre 0 e 10 graus. E daqui a
pouco, chega o inverno, época de esquiar.
Largou mesmo o futebol...
Quebrei o joelho num acidente e abandonei a “carreira”. Lembro-me da vitória
da Noruega sobre o Brasil na Copa de 1998, a mais importante de todos os
tempos...
Vamos mudar de assunto... Se você
pudesse me ensinar uma receita, qual seria?
Que tal um carpaccio de “bacalau”? Você coloca o peixe na água antes, corta
fatias bem finaso, coloca tomate, limão... É uma receita bem refrescante.
No Rio estamos vivendo uma febre de
food trucks.
Na Noruega não temos muitos. A fiscalização sanitária é rígida, há etapas a
cumprir. Mas vai haver aumento... Difícil parar uma moda americana
Outra moda: reality shows culinários. Você gosta?
É positivo, familiariza as pessoas com a boa comida, com a gastronomia. Já
participei de um com minha mulher, que é chef. Será exibido este ano.
Em casa, o que comem?
Ceviche, tacos, cozinha norueguesa, salmão. Gostamos de fazer comida normal.
E quem lava a louça?
Temos uma máquina!-------------
Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/geir-skeie-chef-velejador-queria-ser-maradona-entao-fui-cozinhar-1-17861952
Reportagem por Ruben Berta
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