No ano 2000, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo
publicou uma compilação de crônicas divertidas sobre homens que mentiam
para suas esposas, mães e namoradas. As lorotas eram todas
bem-intencionadas. Eles mentiam para poupar as mulheres que amavam. Por
que destruir as ilusões da mãe e contar que não quer ir à escola porque
não fez a lição? Um bom filho sabe que o correto é inventar que está com
dor de barriga e poupar sentimentos da mãe e da professora. Povoado por
larápios de todos os tipos, o livro As mentiras que os homens contam vendeu mais de 500 mil exemplares.
Quinze anos depois, chegou a hora de dar o troco. Nas crônicas de As mentiras que as mulheres contam
(Objetiva, 184 páginas, R$ 34,90), que chegou às livrarias no início do
mês, Verissimo mostra que mães, esposas e namoradas também faltam com a
verdade. Há a história da mulher que afirma ser mais velha só para
ouvir elogios sobre sua aparência jovem. Uma professora solitária diz
para um cego bonitão que seu nome é Isabel só para levá-lo para casa. E,
é claro, a mãe que conta a primeira mentira ouvida pelo homem – “olha o
aviãozinho” – e consegue deixá-lo de boca aberta. De Paris, Verissimo
respondeu algumas das perguntas de ÉPOCA por e-mail.
ÉPOCA – Por que o senhor esperou 15 anos para lançar um livro sobre as mentiras que as mulheres contam?
Luis Fernando Verissimo – A decisão não foi minha, foi ideia da editora. Quando saiu o As mentiras que os homens contam me perguntavam quando sairia um livro sobre as mentiras das mulheres e eu brincava que seria um livro grosso e caro demais. No fim, os dois livros ficaram mais ou menos do mesmo tamanho.
Luis Fernando Verissimo – A decisão não foi minha, foi ideia da editora. Quando saiu o As mentiras que os homens contam me perguntavam quando sairia um livro sobre as mentiras das mulheres e eu brincava que seria um livro grosso e caro demais. No fim, os dois livros ficaram mais ou menos do mesmo tamanho.
ÉPOCA – Homens e mulheres mentem de maneiras diferentes?
Verissimo – Acho que homens sustentam uma mentira, contra todas as evidências em contrário, mais do que mulheres, que não têm tanta cara de pau.
Verissimo – Acho que homens sustentam uma mentira, contra todas as evidências em contrário, mais do que mulheres, que não têm tanta cara de pau.
ÉPOCA – As suas crônicas são bastante irônicas. Como o senhor lida com o risco de ser mal interpretado pelos leitores?
Verissimo – Pois é. O que é escrito com ironia, para funcionar, tem que ser lido com ironia, o que nem sempre acontece. Mas este é um dos riscos do ofício.
Verissimo – Pois é. O que é escrito com ironia, para funcionar, tem que ser lido com ironia, o que nem sempre acontece. Mas este é um dos riscos do ofício.
ÉPOCA – O que a sua mulher achou do livro de crônicas sobre mentiras femininas?
Verissimo – Ela, mais do que ninguém, sabe que não é para me levar muito a sério.
Verissimo – Ela, mais do que ninguém, sabe que não é para me levar muito a sério.
ÉPOCA – O
senhor costuma se posicionar politicamente nas suas crônicas. Nesses
tempos de polarização, é mais difícil para um escritor se posicionar?
Verissimo – Comecei a ter um espaço assinado na imprensa em 1969, na chamada época mais brava da ditadura, sob o general [Emílio Garrastazu] Médici, quando havia censura, assuntos proibidos e risco de prisão, tortura, etc. Comparados com os daquela época, os incômodos de hoje são apenas isto, incômodos. Quem viveu aquela época não pode se queixar. Só lamentar que tenha gente com saudade daquilo.
Verissimo – Comecei a ter um espaço assinado na imprensa em 1969, na chamada época mais brava da ditadura, sob o general [Emílio Garrastazu] Médici, quando havia censura, assuntos proibidos e risco de prisão, tortura, etc. Comparados com os daquela época, os incômodos de hoje são apenas isto, incômodos. Quem viveu aquela época não pode se queixar. Só lamentar que tenha gente com saudade daquilo.
ÉPOCA – É possível fazer política sem mentira?
Verissimo – Acho que uma certa dose de hipocrisia é inescapável, na política. Infelizmente.
Verissimo – Acho que uma certa dose de hipocrisia é inescapável, na política. Infelizmente.
ÉPOCA – Há
muita gente mentindo em seu nome na internet. Como o senhor lida com a
profusão de textos atribuídos ao senhor que circulam na rede?
Verissimo – Pelo que sei, é impossível evitar que qualquer pessoa escreva o que quiser e assine com o nome que quiser. Geralmente, nos textos falsamente atribuídos a mim, o Luis é com Z. O único problema é saber o que dizer quando você é cumprimentado, ou xingado, por um texto que não escreveu.
Verissimo – Pelo que sei, é impossível evitar que qualquer pessoa escreva o que quiser e assine com o nome que quiser. Geralmente, nos textos falsamente atribuídos a mim, o Luis é com Z. O único problema é saber o que dizer quando você é cumprimentado, ou xingado, por um texto que não escreveu.
ÉPOCA – Existem mentiras benéficas?
Verissimo – A mentira para não magoar alguém, ou para salvar um relacionamento, eu acho desculpável.
Verissimo – A mentira para não magoar alguém, ou para salvar um relacionamento, eu acho desculpável.
ÉPOCA – O senhor mente?
Verissimo – Eu nunca menti. Esta é a primeira vez.
-----------Verissimo – Eu nunca menti. Esta é a primeira vez.
Fonte: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/10/ luis-fernando-verissimo-minha-mulher-sabe-que-nao-e-para-me-levar-muito-serio.html
Reportagem por RUAN DE SOUSA GABRIEL
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