Entrevista: Escritora americana conta que dois livros de Lewis Carroll mudaram sua vida,
assim que os leu, aos 8 anos.
Joyce: o livro de que mais se orgulha é "Blonde", sobre "a menina Norma Jean Baker que é transformada em 'Marilyn Monroe'
Autora de mais de 50 romances e mil contos, bem como volumes de poesia e não ficção, Joyce Carol Oates nasceu em Lockport, Estado de Nova York, em 1938. Ela frequentou a mesma minúscula escola de uma só sala de aula que sua mãe e mais tarde se formou pela Universidade de Syracuse. Publicou seu primeiro livro, "With Shuddering Fall" (1964), aos 26 anos. Três de seus romances, "Black Water" (1992), "What I Lived For" (1994) e "Blonde" (2000) [editado pela Globo no Brasil] foram indicados para o Prêmio Pulitzer. Desde 1978, Joyce leciona redação criativa na Universidade de Princeton. Mora perto da universidade com seu segundo marido.
Valor: Quem é o seu leitor perfeito?
Joyce Carol Oates: Eu mesma, no futuro - uma leitora muito crítica, mas esperançosa, de meu próprio trabalho.
Valor: Qual foi a última coisa que a fez rir em voz alta?
Joyce: Um dos aforismos perfeitos de Oscar Wilde. Um autor de ditos jocosos, mas um psicólogo subestimado.
Valor: Qual livro mudou sua vida?
Joyce: "Alice no País das Maravilhas" e "Através do Espelho", ambos de Lewis Carroll. Eu tinha 8 anos.
Valor: Ao lado de quem mais gostaria de sentar-se em um jantar?
Joyce: A escritora Charlotte Brontë [autora de "Jane Eyre"]. Ou, embora ela não fosse falar comigo, a poeta Emily Dickinson.
Valor: Quais livros estão atualmente em sua mesa de cabeceira?
Joyce: "Waterbirds", de Theodore Cross; "Excessive Joy Injures the Heart", de Elisabeth Harvor; "The Book of Seventy", livro de poemas de Alicia Ostriker; "The Rendido", de Chang-rae Lee, a nova edição da revista "Granta".
Valor: De que você não gosta em si mesma?
Joyce: Minha tendência alarmante para a perda de tempo.
Valor: Onde você escrever melhor?
Joyce: Em meu tranquilo estúdio com vista para um exuberante canteiro florido, um gramado e à beira de um pequeno lago.
Valor: O que a mantém acordada à noite?
Joyce: Pensamentos fugazes - sobre a mortalidade, entes queridos que se foram, o futuro incerto, telhados com goteiras e trabalho ainda por fazer.
Valor: O que a faria voltar atrás e mudar?
Joyce: Quando eu era mais jovem, gastei muita energia mental em autoquestionamento, autocrítica e autoaversão, que poderia ter sido canalizada mais produtivamente.
Valor: Se pudesse possuir algum quadro, qual seria?
Joyce: Algo grande e espectacularmente americano de Frederick Church, como "Niagara Falls", ou algo de Winslow Homer, Edward Hopper, Rothko, Pollock ou Helen Frankenthaler.
Valor: Do que você mais se orgulha de ter escrito?
Joyce: Meu romance "Blonde", sobre a menina americana Norma Jean Baker que é transformada em "Marilyn Monroe".
Valor: Qual é seu lugar predileto no mundo?
Joyce: Minha casa. Outro lugar favorito é Paris, passeando ao longo do rio Sena ao entardecer com o meu marido.
Valor: Com qual personagem literário você mais se parece?
Joyce: A governanta em "A Volta do Parafuso", de Henry James: descontroladamente inventiva e imaginativa, mas onde está a "realidade" a que ela aspira
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Reportagem: Por Anna Metcalfe, do Financial TimesFonte: Valor Econômico online, 26/02/2010
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