sábado, 31 de julho de 2010

Como manter o cérebro ativo?

Mitos e verdades


FAZER PALAVRAS CRUZADAS É BOM PARA O CÉREBRO
Mito. As cruzadinhas exercitam apenas a parte do cérebro que executa tarefas já aprendidas. Não estimula o planejamento, a organização e outras funções importantes para a saúde mental.

NÃO PARAR DE TRABALHAR É PREJUDICIAL PARA A SAÚDE
Mito. O trabalho, quando executado com prazer, é saudável para o cérebro. As funções podem ser alteradas com o passar dos anos. Ao se aposentar, as pessoas devem procurar novas ocupações, que não precisam ser profissionais.

ASSISTIR À TV ESTIMULA A MENTE
Mito. A TV é um importante canal de informação e entretenimento, mas pouco estimula o cérebro. O hábito de ficar muito tempo na frente do aparelho acaba causando a perda das reservas cognitivas.

ALIMENTOS SAUDÁVEIS SÃO BONS PARA O CÉREBRO
Verdade. Além de ser importante para manter a saúde do corpo, a alimentação balanceada ajuda no combate a demências e a outras enfermidades cerebrais.

Fuja do estresse
O estresse é um peso que não pode ser carregado por muito tempo. De acordo com o geriatra João Senger, o cortisol, hormônio do estresse, produzido em excesso no organismo dos estressados, provoca alterações nocivas para o corpo, podendo atrofiar o hipocampo, a área do cérebro ligado à memória.

– Quem mantém o estresse crônico pode ter problemas de memória no futuro – avisa.

A sobrecarga não depende da profissão:

– Tem gente que trabalha sob intenso estresse, mas aprende a conviver com isso. Outros não têm um serviço tão estressante, mas se estressam por qualquer coisa.

A ideia é buscar fontes de combate ao problema. Meditação funciona para uns, enquanto esportes radicais servem para outros.

– Manter bons hábitos de vida vai influenciar lá na frente – destaca Senger.

Aprenda coisas novas
O cérebro pode “abatumar” se ficar sempre executando as mesmas e conhecidas funções. Ao envelhecer, o cérebro começa a se desequilibrar. O lado encarregado de colocar em marcha tarefas já aprendidas e consolidadas se desenvolve mais, enquanto a área responsável pelo novo aprendizado acaba sem uso.

Aprender novas línguas ou descobrir o mundo dos computadores é muito melhor para a cabeça do que ficar assistindo à TV. De acordo com o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Paulo Caramelli, um recente estudo americano mostrou a eficiência dos novos aprendizados.

– O aprendizado e a prática de dança ou instrumento musical, a leitura e os jogos de estratégia (xadrez, damas, gamão) reduziram muito o risco de demência entre os pesquisados – afirma.

Exercite-se e alimente-se bem
Praticar exercícios físicos e se alimentar corretamente também influenciam o cérebro. Andrea Deslandes, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, diz que estudos mostram que as pessoas mais ativas correm menos risco de desenvolver doenças metais.

– O exercício influencia também a autoestima, a convivência social. Acredita-se que fazer exercício aumenta a reserva vascular, e o paciente tem melhor resposta para doenças como o Alzheimer, ajudando a manter as funções – afirma.

Um estudo americano publicado em abril, a partir da avaliação de 2.148 voluntários com mais de 65 anos, atestou que a Dieta do Mediterrâneo – baseada ema peixes, frutas e verduras – baixou em 28% o risco de demência e acidente vascular cerebral.

Mantenha amigos e um companheiro
Com o passar dos anos, é preciso aprender a conviver com as perdas. Amigos vêm e vão, os filhos crescem e saem de casa e, às vezes, não é possível chegar a uma idade avançada junto da companheira ou do companheiro. De acordo com o geriatra João Senger, estudos apontam que quem vive sozinho fica mais suscetível a desenvolver depressão e de ficar doente:

– O homem não foi feito para ser ermitão. Manter uma rede social é importante. A solidão pode acarretar problemas de alimentação, que carregam outros fatores prejudiciais.

Senger lembra que outros estudos sustentam que as pessoas que mantêm um parceiro vivem mais e produzem atividades cerebrais melhores. O neurologista Paulo Caramelli ressalta que viver em companhia de alguém pode aumentar a reserva cognitiva, estimulando as relações sociais e a busca pela felicidade.

Manter a família integrada e participar de atividades coletivas, como grupos de voluntários ou de jogos e conversas informais, funcionam como remédio para a mente.

Tenha sempre um problema para resolver
A aposentadoria não pode significar o descanso total da cabeça. Ao parar de trabalhar, é preciso permanecer ativo, buscando atividades que estimulem o cérebro a manter as funções de planejamento, organização e raciocínio. A reserva cognitiva construída ano após ano pode se desfazer em poucos meses se não for exercitada.

– Tenho casos de pacientes que, seis meses após se aposentarem, foram diagnosticados com quadros iniciais de demência – exemplifica o geriatra João Senger.

Para o médico, é preciso sempre ter um problema para resolver. Buscar as soluções pode até dar dor de cabeça, mas o esforço é importante para manter a cuca em ordem. Não é necessário continuar com uma atividade profissional. É possível coordenar ações sociais, tornar-se síndico do prédio ou coordenar a reforma da casa.

Envolver-se em uma atividade complexa, que trabalhe o intelecto, é uma fórmula sem contraindicações. Quanto mais difícil, melhor. Isso incentiva o maior número de conexões entre os neurônios, aumentando nossa reserva cognitiva, mantendo o cérebro funcionando bem, por mais tempo.
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Fonte: ZH online, 31/07/2010
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora

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