Odair Perugini de Castro*
Na medida em que a sociedade começa a se dar conta de que está envelhecendo e de que este processo não é um privilégio somente de regiões desenvolvidas economicamente, o tema do envelhecimento também passa a despertar o interesse de inúmeros investigadores. Partindo-se do pressuposto de que a maioria dos indivíduos tem um estereótipo profundamente negativo quanto ao processo de envelhecimento, fazem-se necessárias novas atitudes frente a essa etapa de vida. Boa qualidade de vida ou uma velhice satisfatória não são atributos do indivíduo biológico, psicológico e social, mas resulta da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade em mudanças.
Sabe-se que a velhice não é definível por simples cronologia, mas pelas condições físicas, funcionais, mentais e de saúde das pessoas. Isto equivale a afirmar que podem ser observadas diferentes idades biológicas e subjetivas em indivíduos com a mesma idade cronológica. Socialmente, as características dos membros da sociedade que são percebidos como pessoas idosas variam de acordo com o quadro cultural, com o transcorrer das gerações e, principalmente, com as desigualdades no processo de envelhecer. De forma geral, pode-se afirmar que o envelhecimento reflete um somatório de fatores genéticos, histórico-culturais, psicológicos e de fatores ligados à história de vida individual. Após as constatações anteriores, a pergunta que intitula este artigo torna-se instigante e determinante. É preciso inovar-se para inovar. É preciso transpor preconceitos, mitos, estereotipias. Eufemismos, tais como “boa idade”, “melhor idade”, podem sinalizar uma espécie de medo de envelhecer. O envelhecimento é. Precisamos reconhecer. Inovar no processo significa transcender a meros dados estatísticos. Registre-se que cabe às universidades a tarefa de proporcionar iniciativas quanto à produção de conhecimentos e de formação de profissionais qualificados nesta temática. Instituições, governamentais ou não, devem perceber sua responsabilidade com relação às políticas de ação social e educacional. Quando olhamos em nossa volta, novas constatações aparecem: idosos operativos, criativos, estudiosos, entusiastas e empreendedores. Esses idosos inovam-se interiormente e socialmente. E provam e comprovam que envelhecer, hoje, é, principalmente inovar. Então pode, assim como deve.
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*Professora titular aposentada de UFRGS, gerontóloga social
Fonte: ZH online, 24/07/2010
O texto parte de uma busca pela descontrução do envelhecimento, um ponto muito especial é o envelhecimento subjetivo, o filme "gran-torino" retrata essa pespectiva.Muito bem trabalhado nesse texto.
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