segunda-feira, 21 de maio de 2012

Monges medievais reclamavam nas margens de manuscritos

 

'Ai minha mão' e 'Agora eu escrevi a coisa toda: pelo amor de Deus me dê uma bebida' são alguns dos

Os monges medievais eram os trabalhadores entediados de sua época, passando horas a fio copiando manuscritos em cadeiras desconfortáveis e salas geladas. Para se divertir, eles às vezes faziam pequenos rabiscos ou comentários descontraídos nas margens dos manuscritos que estavam copiando. Na nova edição da Lapham’s Quarterly, o autor Colin Dickey explica essas admoestações:
“Com suas reclamações rabugentas – “Estou com muito frio”, “Ai, minha mão” – eles se inserem nos textos sagrados e frequentemente, no processo, perturbam a santidade do trabalho que eles estão supostamente copiando: “Agora eu escrevi a coisa toda: pelo amor de Deus me dê uma bebida.”
Essas interjeições adoráveis e joviais repesentam apenas uma pequena amostra da expressão que pode ser encontrada em manuscritos medievais. Como Michael Camille documenta em Images on the Edge: The Margins of Medieval Art, é nesses comentários marginais que aprendemos sobre o mundo medieval tanto quanto – se não mais – do que nos textos em si. A marginalia pode inclur comentários como esses dos nossos monges infelizes, mas também uma enorme variedade de floreios artísticos e rabiscos.
Aqui está uma série das melhores notas marginais reunidas pela Lapham’s Quarterly.

Notas em manuscritos feitas por escribas e copistas medievais

Pergaminho novo, tinta vagabunda. Não digo mais nada.
Estou com muito frio.
Esta é um página difícil e um trabalho de leitura cansativa.
Que seja permitido que a voz do leitor honre a pena do escritor.
Esta página não foi escrita muito lentamente.
Esse pergaminho está peludo.
A tinta está rala.
Graças a Deus, em breve anoitecerá.
Ai minha mão.
Agora eu escrevi a coisa toda: pelo amor de Deus me dê uma bebida.
Escrever é um trabalho entediante. Encurva as costas, estraga a visão e embrulha o estômago.
São Patrício de Armagh, me salve da escrita.
Enquanto eu escrevi eu congelei, e o que eu não consegui escrever à luz do sol, eu escrevi à luz de velas.
Assim como o porto é bem vindo ao marinheiro, a última linha também o é para o escriba.
Isso é triste! Ó pequenino livro! Chegará o dia quando alguém abrirá esta página e dirá, “Essa mão que escreveu isso já não é mais”.
----------------
 http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/monges-medievais-reclamavam-nas-margens-de-manuscritos/

Nenhum comentário:

Postar um comentário