Foto: Centro de Consenso de Copenhague
“Pode não parecer sexy, mas solucionar problemas como diarreia,
vermes e desnutrição fará mais bem aos pobres do mundo do que
intervenções grandiosas”, resume Bjørn Lomborg, fundador do Centro de
Consenso de Copenhague, instituição que tem como grande objetivo
encontrar as melhores maneiras para o investimento de recursos
destinados ao desenvolvimento e auxílio de países pobres.
É com essa postura de propor soluções que sejam “realistas” que a
entidade reuniu 65 pesquisadores, entre os quais quatro vencedores do
Prêmio Nobel, com o objetivo de pensar durante um ano em possíveis
respostas para os dilemas globais.
O resultado desse trabalho vem sendo divulgado nas últimas semanas no
formato de artigos sobre dez temas: Conflitos Armados, Biodiversidade,
Doenças Crônicas, Mudanças Climáticas, Educação, Fome e Desnutrição,
Doenças Infecciosas, Desastres Naturais, Crescimento Populacional, Água e
Saneamento.
Para as questões de biodiversidade e da fome, por exemplo, é sugerido
o investimento pesado em tecnologias agrícolas. Assim, seria diminuída a
necessidade de converter áreas preservadas para campos de cultivo.
De acordo com o Centro de Consenso de Copenhague, se o investimento
em pesquisa agrícola chegasse a US$ 13 bilhões ao ano, em 2050 o número
de famintos cairia em mais de 200 milhões, devido, sobretudo, ao
barateamento dos alimentos.
Analisando em conjunto os problemas, os 65 pesquisadores elaboraram
uma lista de 16 ações que deveriam ser prioritárias (em ordem
decrescente de importância):
- Financiar intervenções de nutrição para combater a fome e melhorar a educação;
- Expandir os subsídios para o tratamento de malária;
- Expandir a cobertura de imunização infantil;
- Lidar com as doenças causadas por vermes em crianças;
- Expandir o tratamento de tuberculose;
- Investir em pesquisa e desenvolvimento agrícola;
- Melhorar sistemas de alerta de desastres naturais;
- Fortalecer as capacidades cirúrgicas em países pobres;
- Imunização da Hepatite B;
- Financiar o uso de drogas de baixo custo para casos de ataques cardíacos em nações pobres;
- Campanha para reduzir o consumo de sal;
- Investir em pesquisa e desenvolvimento de geoengenharia para lidar com o aquecimento global;
- Programas de transferência de renda condicionados à presença escolar;
- Investir na pesquisa da vacina do HIV;
- Campanhas informativas sobre os benefícios da educação;
- Financiar a construção de poços artesanais.
“Os investimentos para combater doenças infecciosas são baratos e
efetivos. Os governos podem conquistar muito nessa área”, afirmou Thomas
Schelling, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2005.
“Acabar com doenças provocadas por vermes é um objetivo quase
ignorado e que merece mais atenção e recursos. Este simples e barato
investimento significa crianças mais saudáveis e que passam mais tempo
na escola”, reforçou Robert Mundell, outro vencedor do Prêmio Nobel de
Economia.
“O volume de pesquisa produzida pelo Centro de Consenso de Copenhague
soma-se ao nosso conhecimento de quais são as maneiras mais
inteligentes para lidar com os desafios da humanidade. E a lista
construída pelos vencedores do Nobel nos mostra quais investimentos
podem ajudar mais. Estas são as áreas que os governos e filantropos
deveriam focar sua atenção”, resumiu Lomborg.
Clima
Para as mudanças climáticas, uma solução apresentada foi a criação de
uma taxa sobre o carbono para financiar novas tecnologias limpas de
energia. Segundo Isabel Galiana e Christopher Green, ferramentas de
cobrança sobre as emissões de gases do efeito estufa devem estar
alinhadas com o desenvolvimento de novas opções tecnológicas, pois
somente assim esses mecanismos são úteis.
Curiosamente, uma das sugestões apontada para o aquecimento global é a
polêmica geoengenharia. São apresentadas como soluções viáveis métodos
para refletir raios solares, como a injeção de aerossóis na estratosfera
e o bombeamento de vapor de água dos oceanos na atmosfera.
Essas opções chamam a atenção justamente porque Lomborg, que é autor
do livro “O Ambientalista Cético” e do filme “Cool it”, já negou as
mudanças climáticas.
“Minha postura atual sobre o aquecimento global é bastante simples: É
real, está sendo causado pelas emissões humanas de CO2 e precisamos
fazer algo para freá-lo. Porém, precisamos de ações que realmente
funcionem e não apenas que façam bem para a nossa consciência”, escreveu
Lomborg em um artigo publicado no dia 9 de maio.
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Reportagem por Fabiano Ávila, do Instituto CarbonoBrasil
(Instituto CarbonoBrasil)Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/pesquisadores-listam-solucoes-para-problemas-globais/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje
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