Sobre a incerteza

Pois palavras insatisfeitas
brotam pelos dedos de quem está certo
de que não tem mais sobre o que escrever.

Não poderia escrever grandes poesias
com sentimentos tão inconstantes e incertos.
A cada palavra escrita o que sinto muda,
e palavras tão logo terminadas soam como farsa,
descrição pobre de algo tão complexo e relativo.
Tão pouco poderia me dedicar a um livro,
sou incapaz de dividir experiências em
começo, meio, reviravolta e fim.
A cada releitura altero frases, contextos,
tentando refletir o pensamento
que antes me parecia tão certo.
Protagonistas fogem para nunca mais voltar,
e o que me sobra são pedaços aleatórios de texto.
Menos ainda me atenho a um único tema,
a cada dia minha perspectiva muda,
e qualquer afirmação, crítica ou certeza
é tão injusta ou imatura que arquivo junto com quem fui.
Quanto mais escrevo, menos quero continuar,
menos decido divulgar e mais aprendo sobre mim.
Porque toda expressão carrega uma ideia,
uma opinião individual, um reflexo imutável
e até mesmo condenável daquele que se expõe.
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Por Larissa Caramel em 30 de nov de 2012
Fonte: http://lounge.obviousmag.org/insolito/2012/11/sobre-a-incerteza.html