THEMIS GROISMAN LOPES*
"... todos os filhos que têm pais, ainda que
separados, mas amorosos e
que demonstram abertamente
esse sentimento, poderão ter um
desenvolvimento saudável e promissor."
O filme Boyhood retrata a história de um menino e sua irmã, filhos de pais separados, que ficam aos cuidados da mãe. A ênfase do enredo é relacionada ao menino. O pai é um inconsequente que os abandona, indo para o Alasca. Nas três horas de duração do filme, nada acontece de extraordinário. Não há cenas de sexo e apenas um fato mais agressivo ligado ao marido do segundo casamento da mãe.
O que chamou atenção foi o fato de que, apesar dos desastrosos casamentos maternos e várias mudanças repentinas de residência, o desenvolvimento das duas crianças decorre sem maiores problemas. Há um crescimento de ambos, assim como da mãe, que além de trabalhar e cuidar dos filhos resolveu estudar para melhorar de vida. Consigo entender o processo, basea- do no grande amor e zelo da mãe pelos filhos. Fundamental o diálogo constante que mantém com os mesmos, baseado em princípios éticos e morais dignos, e impondo limites.
O pai, que não via os filhos fazia um ano e meio, voltou para reencontrá-los, quando, então, o instinto paternal foi despertado. Isso possibilitou uma integração e participação ativa na vida deles, quando demonstra também o seu amor. Considero que o afeto dos pais foi o responsável pelo desenvolvimento dos filhos em padrões tidos como desejáveis, reforçando o ego de ambos para poderem aceitar o crescimento, as mudanças hormonais ocorridas na adolescência e, principalmente, valorizando os aspectos positivos, através de conversas abertas e francas.
Concluo que todos os filhos que têm pais, ainda que separados, mas amorosos e que demonstram abertamente esse sentimento, poderão ter um desenvolvimento saudável e promissor. A grande lição que o filme nos fornece é a de que filhos amados são filhos que retribuem o amor que recebem, passando pelas fases mais difíceis do crescimento de forma mais tranquila, tornando-se pessoas do bem.
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* Psiquiatra
Fonte: ZH online, 17/01/2015
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