O progresso econômico e os avanços tecnológicos já
reduziram bastante as horas de trabalho por dia, e nada indica que essa
tendência não irá continuar, mas as pessoas estão
cada vez mais ocupadas
As previsões soam como promessas: no futuro, as horas de trabalho
serão poucas e as férias longas. “Nossos netos”, disse John Maynard
Keynes em 1930, trabalharão em torno de “três horas por dia” e
provavelmente só por escolha. O progresso econômico e os avanços
tecnológicos já reduziram bastante as horas de trabalho por dia, e nada
indica que essa tendência não irá continuar. Carros velozes e recursos
cada vez mais sofisticados para poupar tempo garantem mais rapidez e
trabalhos menos árduos em todos os aspectos da vida. Os psicólogos
sociais estão preocupados: o que as pessoas vão fazer com seu tempo
livre?
Mas, apesar das previsões de mais tempo ocioso, as pessoas estão cada
vez mais ocupadas. No mundo corporativo, a “constante escassez de
tempo” é um motivo de preocupação de executivos de diversos setores e
está se agravando nos últimos anos, segundo os analistas da empresa de
consultoria McKinsey. Essa sensação de falta de tempo é mais intensa em
pais que trabalham. Quanto aos recursos para poupar tempo, muitas
pessoas reclamam que os dispositivos eletrônicos como PDAs, celulares,
smartphones, tablets, entre outros, prendem a atenção delas o dia
inteiro, tanto quando estão presas no trânsito, navegando em sistemas de
mensagem de voz ou ocupadas enviando e-mails às vezes urgentes.
Por que as pessoas sentem-se tão pressionadas pela questão do tempo?
Essa pressão pode ser atribuída em parte à percepção. Em média, as
pessoas em países desenvolvidos têm mais tempo de lazer do que antes. O
tempo de lazer aumentou muito na Europa, mas mesmo nos Estados Unidos as
horas dedicadas ao lazer estão aumentando desde 1965, quando as
pesquisas formais sobre o uso do tempo começaram. Os homens americanos
trabalham quase 12 horas menos por semana, em média, do que há 40 anos.
Nesse período as horas do trabalho assalariado das mulheres tiveram um
aumento expressivo, mas, por outro lado, o tempo gasto com tarefas
domésticas, como cozinhar e limpar a casa, diminuiu ainda mais, graças
às lavadoras de louça, máquinas de lavar, micro-ondas e outros aparelhos
modernos, além do fato de os homens ajudarem um pouco mais nessas
tarefas do que antes.
O problema, então, não é a quantidade de tempo que as pessoas
dispõem, e sim como veem a questão do tempo. Desde a primeira vez que um
relógio foi usado para cronometrar o trabalho assalariado no século
XVIII, a ideia de tempo associou-se ao dinheiro. Quando as horas são
quantificadas em termos financeiros, as pessoas preocupam-se mais com
sua distribuição, ou seja, como poupá-las ou usá-las de maneira
lucrativa. À medida que as economias crescem e a renda aumenta, o tempo
torna-se mais valioso. E quanto maior for o valor atribuído a alguma
coisa, mais escassa ela será.
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