sábado, 3 de janeiro de 2015

Por que as pessoas estão tão ocupadas?

 
 O progresso econômico e os avanços tecnológicos já reduziram bastante as horas de trabalho por dia, e nada indica que essa tendência não irá continuar, mas as pessoas estão 
cada vez mais ocupadas

As previsões soam como promessas: no futuro, as horas de trabalho serão poucas e as férias longas. “Nossos netos”, disse John Maynard Keynes em 1930, trabalharão em torno de “três horas por dia” e provavelmente só por escolha. O progresso econômico e os avanços tecnológicos já reduziram bastante as horas de trabalho por dia, e nada indica que essa tendência não irá continuar. Carros velozes e recursos cada vez mais sofisticados para poupar tempo garantem mais rapidez e trabalhos menos árduos em todos os aspectos da vida. Os psicólogos sociais estão preocupados: o que as pessoas vão fazer com seu tempo livre?

Mas, apesar das previsões de mais tempo ocioso, as pessoas estão cada vez mais ocupadas. No mundo corporativo, a “constante escassez de tempo” é um motivo de preocupação de executivos de diversos setores e está se agravando nos últimos anos, segundo os analistas da empresa de consultoria McKinsey. Essa sensação de falta de tempo é mais intensa em pais que trabalham. Quanto aos recursos para poupar tempo, muitas pessoas reclamam que os dispositivos eletrônicos como PDAs, celulares, smartphones, tablets, entre outros, prendem a atenção delas o dia inteiro, tanto quando estão presas no trânsito, navegando em sistemas de mensagem de voz ou ocupadas enviando e-mails às vezes urgentes.

 Por que as pessoas sentem-se tão pressionadas pela questão do tempo? Essa pressão pode ser atribuída em parte à percepção. Em média, as pessoas em países desenvolvidos têm mais tempo de lazer do que antes. O tempo de lazer aumentou muito na Europa, mas mesmo nos Estados Unidos as horas dedicadas ao lazer estão aumentando desde 1965, quando as pesquisas formais sobre o uso do tempo começaram. Os homens americanos trabalham quase 12 horas menos por semana, em média, do que há 40 anos. Nesse período as horas do trabalho assalariado das mulheres tiveram um aumento expressivo, mas, por outro lado, o tempo gasto com tarefas domésticas, como cozinhar e limpar a casa, diminuiu ainda mais, graças às lavadoras de louça, máquinas de lavar, micro-ondas e outros aparelhos modernos, além do fato de os homens ajudarem um pouco mais nessas tarefas do que antes.

O problema, então, não é a quantidade de tempo que as pessoas dispõem, e sim como veem a questão do tempo. Desde a primeira vez que um relógio foi usado para cronometrar o trabalho assalariado no século XVIII, a ideia de tempo associou-se ao dinheiro. Quando as horas são quantificadas em termos financeiros, as pessoas preocupam-se mais com sua distribuição, ou seja, como poupá-las ou usá-las de maneira lucrativa. À medida que as economias crescem e a renda aumenta, o tempo torna-se mais valioso. E quanto maior for o valor atribuído a alguma coisa, mais escassa ela será.
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