quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mais dois novos heróis

PÁTRIA
Renata Mariz
Arquivo/CB/D.A Press
Hipólito José da Costa entrou ontem para o Livro dos Heróis da Pátria

Duas personalidades da história brasileira entraram para o Livro dos Heróis da Pátria ontem. O jornalista Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, fundador do Correio Braziliense em 1808, e o padre José de Anchieta, jesuíta que catequizou os índios no período colonial, tiveram os nomes publicados no Diário Oficial da União, confirmando decisão do Congresso Nacional de homenageá-los com o título. Somando aos heróis anteriores, o livro de aço conta, agora, com 19 pessoas alçadas ao posto de heróis —, entre eles há apenas uma mulher, Anna Justina Ferreira Nery. Precursora da enfermagem no Brasil, ela deixou sua vida confortável na Bahia para cuidar dos soldados na Guerra do Paraguai.

Hipólito José da Costa nasceu na colônia de Sacramento (atual Uruguai), mas a família morava no Rio de Janeiro. Perseguido pela inquisição portuguesa, instalou-se em Londres, de onde editou aquele que é considerado o primeiro jornal brasileiro. Com o veículo, passou a defender posições liberais, como a emancipação da colônia. Já o padre José de Anchieta teve atuação distinta. Enviado para o Brasil em 1553, integrando da Companhia de Jesus, embrenhou-se entre os índios para ensiná-los a doutrina cristã. Apesar de sérios problemas de saúde, o religioso teve atuação forte como mediador de conflitos. Além disso, fundou o colégio de Piratininga, de onde se originaria a cidade de São Paulo, e também a Casa de Misericórdia em Niterói (RJ).
Para especialistas, as indicações são importantes porque, além de criar uma identidade nacional, tornam possível o resgate de determinadas etapas da história. O sociólogo Demetrio Magnoli considera, porém, “curioso” o nome do padre Anchieta. “Não estou dizendo que é errado ou certo, só considero curioso nos dias atuais, de multiculturalismo, ter o jesuíta como herói, uma vez que ele é o símbolo da imposição do colonizador sobre os índios”, ressalta Magnoli.

Na avaliação de Mercedes Kathe, chefe do departamento de história da UPIS Faculdades Integradas, eleger heróis serve para despertar o patriotismo no país. “Mas nada disso adianta se as escolas regulares, de ensino fundamental e médio, especialmente, não trabalharem esses conteúdos”, lamenta a professora. Magnoli analisa a escolha dos heróis. “É um processo meio anárquico porque começa por uma indicação parlamentar. Mesmo assim, faz parte de uma iniciativa importante no momento em que possibilita entender o presente resgatando o passado”, destaca o especialista. Ele lembra que a homenagem ainda é recente no país, ao contrário de nações europeias, que costumam incensar seus heróis há mais tempo.
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Fonte: Correio Braziliense online, 07/07/2010

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