Carros sem motorista e soldados-robôs obrigarão autoridades a munir suas máquinas de princípios éticos
Carros sem motorista do Google, ainda em fase de testes, já circulam
legalmente nas ruas de três estados norte-americanos – Califórnia,
Flórida e Nevada –, e muito em breve dispositivos semelhantes podem se
tornar não só possíveis como obrigatórios por questões de segurança.
Eventualmente, veículos automatizados serão capazes de conduzir melhor e
com mais segurança do que qualquer motorista, uma vez que as máquinas
não bebem, não se distraem, têm melhores reflexos e uma melhor
consciência (via redes de computador) do posicionamento de outros
veículos na pista.
Dentro de duas ou três décadas, a diferença entre a condução
automatizada e a condução humana será tão grande que não é difícil
imaginar um mundo em que não será mais legalmente permitido dirigir
“manualmente”. E mesmo se você tiver permissão para fazê-lo, seria
imoral se o risco de machucar a si mesmo ou outra pessoa for minimizado
se você permitir que uma máquina assuma o volante.
Este momento será significativo não somente porque sinalizará o fim
de mais uma atividade humana, mas por ser o começo de uma outra era, na
qual munir as máquinas de princípios éticos passará a ser uma obrigação.
Imagine que o seu carro está acelerando ao longo de uma ponte a cerca
de 80 quilômetros por hora quando um ônibus escolar desnorteado, levando
40 crianças inocentes, cruza a sua pista. Se o seu carro desviar para
proteger as crianças, possivelmente colocará a sua vida em risco. Se
seguir adiante, ameaçará a vida de todas as 40 crianças dentro do
ônibus. Esta decisão terá de ser tomada pelo computador do carro em
questão de poucos milissegundos.
Essas questões se tornarão ainda mais preocupantes quando envolverem
robôs militares. Quando, por exemplo, seria considerado ético enviar
robôs à guerra no lugar de soldados? Soldados-robôs podem não apenas ser
mais rápidos, mais fortes e mais confiáveis do que os humanos, como
eles também não sofrem de crises de pânico ou privação de sono, e nunca
seriam tomados por um desejo cego de vingança. Contudo, como o Human
Rights Watch, uma ONG em prol dos direitos humanos, observou em um
relatório amplamente divulgado no início desta semana, os soldados-robôs
também seriam totalmente desprovidos de compaixão humana e poderiam
facilmente causar uma devastação sem precedentes nas mãos de um Stalin
ou um Hitler. Qualquer um que tenha visto as cenas de abertura do filme
RoboCop sabe porque temos dúvidas sobre transformar robôs em soldados ou
policiais.
Mas o que devemos fazer? A solução proposta pela Human Rights Watch é
a proibição total do “desenvolvimento, produção e uso de armas
totalmente autônomas”, mas isso parece completamente irreal. O Pentágono
não vai desistir de seu enorme investimento em soldados robóticos (os drones
são apenas a primeira geração de robôs de guerra), e nenhum pai ou mãe
vai preferir enviar seus próprios filhos ao combate se os robôs forem
uma alternativa. Com ou sem os soldados robóticos, novas
tecnologias geraram uma necessidade urgente: encontrar uma maneira
viável de ensinar as máquinas a serem éticas.
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Fontes:
The New Yorker - Moral Machines
http://opiniaoenoticia.com.br/vida/tecnologia/a-etica-das-maquinas-2/
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