Era
uma vez um rei de um país que não tinha nome. O reizinho também não
tinha nome. E o rei, como era baixinho, não suportava que seus súditos
fossem maiores do que ele. Então, quando o rei passeava pelas ruas, as
pessoas tinham que andar pelas valetas, pois assim o rei parecia maior.
Mas
o problema é que o rei estava encurtando. Cada dia que passava,
diminuía um milímetro. Não era muito, mas nem por isso deixava de
aborrecer. E o povo da cidade era obrigado a cavar valetas ainda mais
profundas ao longo das ruas para poder andar sem se fazer decapitar.
Logo
o rei se tornou bem pequenininho e as valetas, valas muito fundas.
Quando o rei passeava pela cidade, ele praticamente não via mais seus
súditos, já completamente engolidos pela profundidade dos canais. Assim
estava feliz. Como não podia mais comparar seu tamanho com o de seus
súditos, ele não via mais a que ponto ele tinha ficado minúsculo. Assim
diminuto, um dia uma gota de chuva caiu por acaso exatamente sobre a
cabeça do rei e esmagou-a. O rei não existia mais, mas os súditos
continuaram a viver em valas profundas. Por que, não saberia dizer,
minha criança.
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Trecho do Livro: (Matéi Visniec, "Da Sensação de Elasticidade Quando se Marcha sobre Cadáveres")
Tradução: Luiza Jatobá
Fonte: http://emcioranbr.wordpress.com/2012/12/08
Imagem da Internet
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