Livro 'Pagan Britain' de Ronald Hutton expõe os primórdios do histórico religioso britânico
Ronald Hutton descreve seu novo
livro como uma história das crenças religiosas desde `a “idade da pedra
antiga até a chegada do cristianismo”. E o livro de fato é isso, mas
também é mais provocativo. Com “Pagan Britain” ele concebeu uma
sofisticada crítica sobre como historiadores e arqueólogos
frequentemente interpretam ruínas e artefatos exumados de forma a
adequá-las a ideias cambiantes a respeito da religião e da ideia de
nação. O que surpreende é que um historiador esteja expondo a parca
quantidade de evidências disponíveis sobre sistemas de crença do
passado.
Hutton, autoridade nos séculos XVI e
XVII da Universidade de Bristol, escreveu extensamente sobre os Stuarts,
os druidas e bruxaria. Apesar de sua pesquisa completa sobre os
primórdios do histórico religioso britânico, esse livro é fascinante
devido à sua cautela. Ele não presume nada, independente de estar
analisando desenhos rupestres do paleolítico em rochas em Creswell Crags
em Nottinghamshire ou de estar estudando os círculos de pedra de
Stonehenge em Wiltshire e Callanish na região de Outer Hebrides. Os
deuses expulsos graças à disseminação do cristianismo podem ter sido
nativos ou talvez romanos. Ninguém pode afirmar com certeza. Os
vestígios de ritos religiosos não são “facilmente distinguíveis daqueles
de rituais políticos, sociais ou festivos”, afirma. Trata-se de uma
“categoria de grande ambiguidade, pouco receptivo a mudanças, pouco
propicio a definições”.
Para contextualizar a fé primitiva ele
escreve sobre o “homem de Lindow”, um corpo masculino preservado em uma
turfeira em Cheshire em 1984. Análises revelam que esse homem tinha
cerca de 25 anos de idade quando morreu de maneira brutal há 2.000 anos.
Os arqueólogos que apresentaram essa descoberta no Museu Britânico de
Londres (onde ainda pode ser visto) o utilizaram como possível evidência
de um sacrifício humano realizado durante a Idade de Ferro. Mas essa
conclusão, de acordo com Hutton, é “pouco precisa”. Um patologista achou
que o homem fora estrangulado; outro discordou. E pouco distingue os
vestígios de uma morte ritual dos restos de um assassinato. “O homem de
Lindow, conclui Hutton, pode ser usado para exemplificar os triunfos e
falhas, a potência e as limitações, da arqueologia moderna”.
Hutton induz seus leitores a
questionarem não apenas as análises do passado distante da Grã-retanha,
mas também de como a história como um todo é apresentada. Ele também é
um ótimo escritor, com um olhar afiado para a potência espiritual das
antigas paisagens britânicas. Embora ofereça muitas interpretações sobre
cada achado arqueológico, tal variedade pode servir para expandir a
imaginação dos leitores ao invés de constrangê-las.
-------------------------
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/a-gra-bretanha-pre-crista/21/12/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário