Na Noite de Natal deter-nos-emos, mais uma vez,
diante do presépio, para contemplar estupefactos o "Verbo feito carne".
Sentimentos de alegria e de gratidão, como todos os anos,
renovar-se-ão no nosso coração ao ouvir as melodias do Natal, que
cantam em tantas línguas o mesmo extraordinário prodígio. O Criador do
universo veio por amor habitar entre os homens. (...)
O mundo com as suas angústias diz a iminência de
algo que o renovará, e deseja com uma expectativa impaciente que o
esplendor de um sol mais resplandecente ilumine as suas trevas... Esta
expectativa da criação persuade-nos também a nós a esperar o nascimento
de Cristo, novo Sol" (Disc. 61a, 1-3). Portanto, a mesma criação nos leva a descobrir e a reconhecer Aquele que há de vir.
Mas a pergunta é: a humanidade do nosso tempo
espera ainda um Salvador? Tem-se a impressão de que muitos consideram
Deus fora dos seus interesses. Aparentemente não precisam d'Ele; vivem
como se Ele não existisse e, ainda pior, como se fosse um "obstáculo" a
superar para se realizarem a si mesmos. Também entre os crentes temos a
certeza há quem se deixa atrair por quimeras aliciantes e distrair por
doutrinas desviantes que propõem atalhos ilusórios para obter a
felicidade.
Contudo, mesmo com as suas contradições,
angústias e dramas, e talvez precisamente para eles, hoje a humanidade
procura um caminho de renovação, de salvação, procura um Salvador e
aguarda, por vezes inconscientemente, o advento do Salvador que renova o
mundo e a nossa vida, o advento de Cristo, o único verdadeiro Redentor
do homem e do homem todo. Sem dúvida, falsos profetas continuam a
propor uma salvação a "baixo preço", que termina sempre por gerar
violentas desilusões.
Precisamente a história dos últimos cinquenta
anos demonstra esta busca de um Salvador a "baixo preço" e evidencia
todas as desilusões a que elas deram origem. É tarefa dos cristãos
difundir, com o testemunho da vida, a verdade do Natal, que Cristo traz
a cada homem e mulher de boa vontade. Nascendo na pobreza do presépio,
Jesus vem oferecer a todos aquela alegria e paz, as únicas que podem
colmatar a expectativa do ânimo humano.
Mas como devemos preparar-nos para abrir o
coração ao Senhor que vem? A atitude espiritual da expectativa
vigilante e orante permanece a característica fundamental do cristão
neste tempo de Advento. É a atitude que distingue os protagonistas de
então: Zacarias e Isabel, os pastores, os Magos, o povo simples e
humilde. Sobretudo a expectativa de Maria e de José! Eles, mais do que
outrém, viveram em primeira pessoa os afãs e a trepidação pelo Menino
que devia nascer.
Não é difícil imaginar como transcorreram os
últimos dias, na expectativa de abraçar o recém-nascido. A sua atitude
seja a nossa, queridos irmãos e irmãs! A este propósito, ouvimos a
exortação de São Máximo, Bispo de Turim: «Enquanto estamos para acolher
o Natal do Senhor, revistamo-nos com vestes nítidas, sem mancha. Falo
da veste da alma, não da do corpo. Vistamo-nos não com vestes de seda,
mas com obras santas! As vestes vistosas podem cobrir os membros mas não
embelezam a consciência».
Nascendo entre nós, que o Menino Jesus não nos
encontre distraídos ou comprometidos simplesmente a embelezar com
iluminações as nossas casas. Ao contrário, preparemos na nossa alma e
nas nossas famílias uma habitação digna onde Ele se sinta acolhido com
fé e amor.
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Texto de Bento XVI
Fonte: © SNPC | 09.12.13
Fonte: © SNPC | 09.12.13
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