Rubem Alves*
Daquele dia em diante Mestre Benjamin parou de esperar que lhe fizessem
perguntas. Ele se assentava e a cada noite contava uma das parábolas do
Senhor das Estórias.
“Um homem perguntou ao Senhor das Estórias sobre os mandamentos. Ele respondeu: O primeiro mandamento é que devemos amar a Deus mais do que amamos as coisas que possuímos. E o segundo mandamento é que devemos amar o nosso próximo com o mesmo amor que temos para conosco mesmos.”
“E quem é o meu próximo”, o homem perguntou.
E foi essa a estória que ele contou:
“Era uma vez um garçom que, depois de uma noite de trabalho, voltava para a sua casa com o pouco dinheiro que havia recebido como gorjetas para sustentar a sua família. Eram quatro horas da madrugada, as ruas estavam vazias e escuras. Valendo-se da escuridão dois ladrões atacaram o garçom e, além de roubarem o seu dinheiro, bateram nele, deixando-o como morto na calçada. O tempo passou. O sol anunciou a manhã.
“Um homem perguntou ao Senhor das Estórias sobre os mandamentos. Ele respondeu: O primeiro mandamento é que devemos amar a Deus mais do que amamos as coisas que possuímos. E o segundo mandamento é que devemos amar o nosso próximo com o mesmo amor que temos para conosco mesmos.”
“E quem é o meu próximo”, o homem perguntou.
E foi essa a estória que ele contou:
“Era uma vez um garçom que, depois de uma noite de trabalho, voltava para a sua casa com o pouco dinheiro que havia recebido como gorjetas para sustentar a sua família. Eram quatro horas da madrugada, as ruas estavam vazias e escuras. Valendo-se da escuridão dois ladrões atacaram o garçom e, além de roubarem o seu dinheiro, bateram nele, deixando-o como morto na calçada. O tempo passou. O sol anunciou a manhã.
Passava por
aquela rua no seu carro um sacerdote que se dirigia à igreja para
celebrar a primeira missa. Vendo o homem caído ele se lamentou e disse:
‘Se não fosse pela missa, eu pararia para ajudá-lo.’ Rezou um Padre
Nosso e uma Ave Maria em intenção do ferido e foi cumprir suas
obrigações religiosas.
Logo depois passava por aquela mesma rua no seu
carro um pastor evangélico que se dirigia para a sua igreja a fim de
dirigir uma reunião de oração. Ao ver o ferido ele perguntou: “Meu Deus,
que terá feito esse homem para que o Diabo assim o castigasse?” Premido
por suas obrigações religiosas ele de longe executou gestos de
exorcismo e continuou na direção da sua igreja.
Levantado o sol, manhã
clara, passava por ali um travesti, em sua lambreta, vindo de uma noite
de farras. Ao ver o homem caído o seu coração se comoveu. Parou, colocou
o homem na garupa e levou-o a um hospital. Lá, tirou do seu bolso todo o
dinheiro que tinha e disse: “Para pagar os gastos que houver...” E
desapareceu antes que a polícia chegasse. Terminada a parábola, Jesus
perguntou aos que o ouviam: “Desses três, qual foi aquele que cumpriu o
mandamento do amor?”
Todos ficaram em silêncio por saberem a resposta. Mas os religiosos não gostaram...
(Parábola do Bom Samaritano).
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* Educador. Escritor. Teólogo.
Fonte: Correio Popular online, 22/12/2013
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