Ligia Martins de Almeida
A mídia americana é especialista em criar celebridades e se alimenta delas. Por isso os casos amorosos de Tiger Woods ganharam uma dimensão extraordinária no noticiário destes dias. A revelação de que golfista Tiger Woods, até agora tido como um modelo de "homem de família", tem tido casos amorosos (dois foram revelados) é o assunto do momento. Para os brasileiros, mais ligados em futebol, Woods é apenas mais um jogador milionário americano. Mas nos Estados Unidos ele é um superstar, um ícone: o primeiro afro-americano a se tornar o maior jogador de golfe do mundo, como eles gostam de se referir aos seus campeões nacionais.
Revistas de fofocas e tablóides não falam de outra coisa. Mas não são os únicos. Woods foi notícia em toda a imprensa – dos pequenos jornais do interior ao sério New York Times. A grande festa está sendo mesmo na TV – desde os programas especializados em celebridades até ao noticiário da CNN.
Na sexta-feira (10/12), o conceituado âncora da CNN Anderson Cooper liderou um longo debate sobre os namoros e as namoradas do golfista. E o mais interessante era perceber jornalistas tomando posição contra ou a favor de Woods.
Woods bateu o carro, negou-se a fazer exame de sangue (que diria se ele havia bebido), sumiu do mapa e virou assunto obrigatório nos noticiarios, nos programas humorísticos e nos programas femininos que ocupam as manhãs e tardes na TV.
Pauta preferencial
O problema, para os que defendem o jogador, não é o fato de ele ter amantes (já apareceram duas dando entrevistas): o que pega mal é que ele sempre fez seu marketing pessoal se dizendo um homem de família, e fazia questão de usar a mulher e os filhos como reforço de sua imagem pessoal. Como ficam os milionários patrocínios do jogador? A resposta veio no mesmo dia, em comunicados na TV: os patrocinadores apóiam integralmente o jogador e sua família.
Recolhido e sem contato com a mídia, Woods, dizem os comentaristas, está "tratando da família", o que realmente importa neste momento. Oportunamente, "dará entrevistas e voltará ao golfe".
As namoradas do golfista dão entrevistas na TV e uma delas até ameaça a apresentadora Woopy Goldberg com um processo milionário – porque Woopy chamou a moça de prostituta. Mas a mulher do jogador só foi notícia em um jornal, o Orlando Sentinel (12/12/2009), da cidade onde o casal vive e cria os filhos. Segundo o jornal, Elin Woods, de 29 anos, é sempre descrita como uma pessoa recolhida, que preza muito a privacidade. Centrada na família, ela não frequenta a vida noturna que seu marido aparentemente adora. Agora que a vida pessoal de Tiger esta sob um microscópio, Elin se fechou ainda mais em seu círculo familiar e de amigos.
Enquanto o jogador não reaparece para o habitual pedido de desculpas à família e aos fãs, a mídia vai continuar especulando. Mas, como dizem os comentaristas defensores do jogador – ele não é o primeiro nem será o último a "ter problemas" e, em alguns meses, tudo será esquecido. Para os brasileiros, que já esqueceram o caso de Ronaldinho no motel com os travestis, o caso de Woods talvez nem seja notícia. A diferença entre os dois casos é que a mídia, nos Estados Unidos, explora o assunto como se fosse a coisa mais importante do mundo, embora – como no Brasil – não haja uma condenação explícita do jogador.
Fonte: Observatório da Impresna online, 15/12/2009
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