quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mulheres serão maioria no trabalho


Revista 'Economist' aponta que ainda é difícil conciliar carreira e filhos

As mulheres serão mais da metade da força de trabalho dos Estados Unidos nos próximos meses, segundo a edição desta semana da revista britânica Economist. Em outubro, eram 49,9% do total. "O fortalecimento econômico das mulheres no mundo rico é uma das mais extraordinárias revoluções dos últimos 50 anos", afirma a revista, que tem sua capa dedicada ao tema.
Elas já são a maioria entre as pessoas que saem das universidades nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e ultrapassam os homens nos postos de trabalho intelectual em diversos países ricos, incluindo os EUA.
Apesar disso, a revolução ainda está incompleta. "Somente 2% dos dirigentes das maiores empresas americanas e 5% dos seus pares na Inglaterra são mulheres", aponta a revista. "Elas ainda recebem, na média, significantemente menos do que os homens." Segundo o semanário britânico, esse problema está estreitamente relacionado a um outro: muitas mulheres ainda são obrigadas a escolher entre a carreira e os filhos. Nos EUA, mulheres sem filhos ganham o mesmo que os homens, mas mães ganham bem menos.

A capa da revista é a imagem de uma campanha do governo dos EUA durante a Segunda Guerra, para incentivar as mulheres a trabalharem nas fábricas, enquanto os homens estavam nos campos de batalha estrangeiros. A trabalhadora com mangas arregaçadas vinha acompanhada do slogan "somos capazes" (we can do it). A Economist trocou a frase por "conseguimos" (we did it).
Na revolução feminina, "o aspirador de pó cumpriu o seu papel", segundo a revista. "Mas a inovação mais importante foi a pílula anticoncepcional." A pílula permitiu que as mulheres se casassem mais tarde, e que investissem mais tempo em educação. "Saber que não teriam que, por exemplo, deixar a faculdade de direito para ter um bebê tornou a faculdade de direito mais atrativa", diz a Economist.
A revista é contrária a grandes intervenções do Estado, mas aponta que o governo pode acelerar essa revolução, com políticas mais simples e baratas, como a dos países escandinavos. Todos eles têm muitas creches financiadas pelo Estado. A ideia seria facilitar a vida das mães que trabalham, atualizando as políticas públicas. "As escolas alemãs, por exemplo, fecham ao meio dia", diz a reportagem. "As escolas americanas fecham por dois meses no verão. Essas coisas podem ser mudadas sem alto custo."
Segundo a revista, muitas crianças pagaram o preço de crescer em uma casa com duas fontes de renda, e lidar com as consequências da revolução feminina será um "desafio para os próximos 50 anos".

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