Visão do Correio
Pesquisa do IBGE apresenta dado preocupante. Nada menos que 5,9% dos jovens brasileiros não estudam, não trabalham, não ajudam em atividades domésticas. No total, somam 1,2 milhão de pessoas. São rapazes e moças com idade entre 18 e 24 anos que abandonaram precocemente as salas de aula. As razões para a mudança de vida variam. Vão da falta de autoridade paterna, passam pelas dificuldades econômicas e chegam à evasão escolar.
Sejam quais forem as causas, é indiscutível que a ociosidade abre as portas para ocupações capazes de trazer prejuízo pessoal e coletivo. Jovens em geral sofrem influência do grupo. Inseguros, precisam sentir-se pertencentes a comunidade da qual participam amigos, vizinhos ou admirados. Não medem consequências para serem aceitos. Atingir o objetivo não raro conduz a caminho sem volta.
Pesquisas mostram que jovens fora do sistema são presas fáceis do tráfico. A população carcerária — formada em sua maior parte por homens com até 25 anos de idade sem certificado de conclusão do ensino médio — constitui amostra gritante de que se impõe encontrar formas de não só reintegrar moços e moças reintegráveis, mas também evitar que aumente a fila de desocupados.
Um dos gargalos a ser alargado é o ensino médio. Concluído o nível fundamental, muitos estudantes têm dificuldade de encontrar vaga no patamar seguinte. A rede pública nem sempre oferece o número de matrículas suficiente. Às vezes a escola disponível fica distante da residência do aluno. Sem poder arcar com o valor da passagem diária, a opção mais fácil é a desistência.
Mais: desatualizado e desinteressante, o currículo do nível médio não consegue atrair a juventude. O mundo externo — marcado pela informação em tempo real e as maravilhas eletrônicas — está muito distante do universo encontrado nas quatro paredes de colégios incapazes de se sintonizar com o século 21. Instituições e professores parecem desconhecer a revolução por que passou a sociedade.
É hora de se atualizar. Internet, laboratórios, bibliotecas vivas, esporte e ensino profissionalizante devem fazer parte do dia a dia do rapaz e moça que se preparam para ingressar no mercado de trabalho da sociedade globalizada. Fechar os olhos para essa realidade é abrir as portas do desestímulo e da exclusão. O Brasil logrou universalizar o acesso à escola de crianças de até 14 anos. Precisa avançar.
Fonte: Editorial do Correio Braziliense online, 15/12/2009
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