domingo, 4 de julho de 2010

EDUCAÇÃO para a imaturidade política e social

Tania Melo
Outro dia ouvi, de um homem de negócios, o seguinte comentário: “Vivemos, no Brasil, um extremo desenvolvimento tecnológico, no entanto temos uma grande imaturidade política e social”. Aí, fiquei pensando no que a Escola tem a ver com isso.

Parece que a Escola insiste em trabalhar com o aluno com uma total falta de noção do TODO. Digo isso por uma série de motivos: primeiro a Escola é seriada: 1ª série, 2ª série... E poucas crianças percebem que os conhecimentos que adquirem nas diversas séries estão entrelaçados. Há pais que jogam fora o material escolar da série anterior de seu filho! A escola pública sugere que o livro que o aluno usou em uma série, e que poderia ser seu material de consulta por muito tempo, passe para um colega que vai cursar a mesma série que ele já cursou. Somos um país pobre, entendo. Mas do ponto de vista de aprendizagens isso não é bom.

Já perceberam o número de disciplinas que a criança tem em cada série? Incrível não? Já percebeu que essas disciplinas parecem desligadas, separadas do TODO? Além disso, elas ainda são entrecortadas por uma campanhinha que separa os 50 a 60 minutos de uma disciplina da outra. A avaliação de conhecimento é uma prova, para provar que ele tomou conhecimento de um conteúdo que depois será esquecido e que parece não ter a ver com as aprendizagens para a vida. Fragmentada e passiva. Parece que continua a ser assim a Escola. Privilegiando a palavra e o cálculo, sem preparar nossos jovens para um AMADURECIMENTO POLÍTICO E SOCIAL. Tudo desconectado.

Com um modelo como esse, como nossas crianças podem entender, verdadeiramente, de cidadania, de problemas sociais, de meio ambiente? Como vão perceber que qualquer ação produz uma reação? Como elas vão perceber que seu comportamento com relação ao consumo exagerado pode trazer prejuízos para o meio ambiente? Como nossas crianças vão entender de cidadania? A Escola não vai à cidade?! No Brasil, pelo menos nos grandes centros, a Escola dificilmente leva o aluno a conhecer nossos espaços, fora dos muros da escola. Então o aluno não percebe que se jogar lixo na rua, vai prejudicar o espaço urbano, por que vai entupir os ralos construídos pela administração de sua cidade e vai entupir sua própria casa, ou derrubá-la. Ele ouve falar disso, mas não relaciona o comportamento da sua comunidade com o que aprende na teoria. Será que é possível, com a restrita capacidade de abstração, própria das crianças em determinadas faixas etárias, aprenderem só na teoria, sem ver na prática? Por que não visitamos mais parques, mais museus, mais teatros... Não seria mais fácil aprender matemática num mercado?

É imprescindível se perceber o TODO para se aprender. O modelo da Escola é neurotizante para a criança e para o jovem, por que eles são obrigados a pensar segmentadamente. Quando nos desconectamos do todo, saibam, DEPRIMIMOS. Nossos jovens não podem praticar o pensar sobre o que fazer com o lixo, sobre as questões sociais, sobre os problemas da natureza a não ser a partir do que lhes é dito, pelo professor... pelo livro... pela apostila...

"A Escola pode preparar para o vestibular,
mas não está preparando para o tão falado mercado de trabalho.
Nossos jovens não aprendem sobre liderança".

O professor não deveria trazer sempre as respostas. Deveria mais instigar a questão, estimular a discussão. Isso desenvolveria o pensar. É urgente desenvolver a capacidade de associação nos nossos jovens. É preciso ensinar nossas crianças a se conectarem. Talvez este seja mais um motivo para elas estarem mais ligadas ao computador. Só ali, pensam elas, são capazes de se conectar. Na Escola, não podem se afastar daquilo que está no quadro, no livro didático, nas palavras do professor... A democracia do pensamento que se dá na Internet não combina nada com isso.

E lamento afirmar: A Escola pode preparar para o vestibular, mas não está preparando para o tão falado mercado de trabalho. Nossos jovens não aprendem sobre liderança. Alguns são lideres natos (por sorte!!!), mas isso não é desenvolvido pela Escola. O aluno é preparado para a passividade. Tem medo, é angustiado, odeia obstáculo. Uma reprovação é o caos! Têm dificuldade de se relacionar, não sabem ser solidários, desenvolver inter-relação, nem ser solitários e se intra-relacionar. Escola pouco fala de vida, de novas idéias. E idéias podem mudar o mundo.

O dono do conhecimento no futuro, amigos, será o curioso, o investigador, o politizado (na verdadeira concepção da palavra), o ligado nas questões ambientais, relacionais e sociais. Aquele que só acumula conteúdos terá muito pouco valor.

Realmente, a Escola, no Brasil, tem produzido sujeitos imaturos do ponto de vista político e social.
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Fonte: JBlog Tania Melo - Acesso:04/07/2010

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