Muito se fala de como as redes sociais vêm modificando o pensamento social
e ampliando a capacidade de reflexão, sobretudo dos jovens, em razão da
participação fundamental da internet nas manifestações e protestos que
tomaram o Brasil nos últimos meses. As manifestações já viraram pauta
nas escolas e com certeza serão conhecidas das próximas gerações. Mas,
afinal, qual é o papel político-social
das redes sociais e da internet?
Há quem diga que o momento atual do Brasil é de orgasmo democrático,
ao ver milhares de pessoas saindo às ruas em razão da situação
político-econômica do país. E é realmente instigante acompanhar a
efervescência da sociedade, até para quem não tem ânimo de participar.
Todavia, há discordância quanto ao termo “orgasmo democrático”. O
professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Magno Medeiros, por exemplo, diz que orgasmo é um fenômeno fugaz e de satisfação imediata, ao contrário do que vive o Brasil atualmente.
Para ele, o que ocorre, na verdade, é a erupção de uma dor crônica,
sedimentada há várias décadas em torno da insatisfação em relação aos
direitos de cidadania. “Direitos básicos, como ter um transporte urbano
decente, como ter o direito de ser bem tratado na rede pública de saúde,
como ter uma educação de qualidade e de acesso democrático a todos. O
Brasil experimentou, nos últimos anos, avanços consideráveis no campo da
redução das desigualdades sociais e da minimização dos bolsões de
pobreza, mas os setores sociais pobres e miseráveis, que emergiram para a
classe C, querem mais do que apenas consumir bens básicos como
geladeira, fogão, computador, celular, etc. Eles querem ser tratados com
dignidade”, diz.
Ideologia social
O autor da expressão que titula a matéria é o italiano Massimo Di Felice, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e PHD em sociologia pela Universidade Paris Descartes V, Sorbonne. Di Felice é professor da Escola de Comunicação e Artes da USP,
onde fundou o Centro de Pesquisa Atopos e coordena as pesquisas “Redes
digitais e sustentabilidade” e “Net-ativismo: ações colaborativas em
redes digitais”.
O termo “orgasmo democrático” surgiu quando o professor foi
questionado sobre como, antes, o que reunia milhares de pessoas eram
ideologias políticas, e hoje já não é assim. Seria então possível
afirmar que vivemos a época de um processo de criação democrática de
ideologia social? Segundo Di Felice, a razão política
ocidental moderna europeia, positivista e portadora de uma concepção
unitária da história, criou as democracias nacionais representativas,
que se articulavam pelo agenciamento da conflitualidade através dos
partidos políticos e dos sindicatos.
E a estrutura comunicativa dessas instituições, correspondente aos fluxos comunicativos da mídia analógica – imprensa, TV
e jornais –, é centralizada e vertical, além de maniqueísta, isto é,
divide e organiza o mundo em mocinhos e vilões, direita e esquerda,
revolucionários e reacionários etc.
Contudo, as redes digitais criaram outros tipos de fluxo comunicativo,
descentralizados, que permitem o acesso às informações e a participação
de todos na construção de significados. “A razão política moderna é
fálica e cristã, busca dominar o mundo, rotula pensamentos enquanto os
simplifica, necessita de inimigos e promete a salvação. Já a lógica
virtual é plural, se alimenta do presente e não possui ideologia, além
de viver o presente ato impulsivo”, analisa.
Ele diz ser normal que a sociedade queira identificar e julgar os
movimentos, rotulando-os por exemplo de “fascistas”, pois, segundo ele, a
razão ordenadora odeia o novo e o que não compreende. “Porém, julgar os
diversos não-movimentos que nasceram pelas redes (espontâneos e não
unitários) é como julgar a emoção e a conectividade orgiástica (‘orghia’
em grego significa “sentir com”). A democracia do Brasil está passando
de sua dimensão pública televisiva, eleitoral e representativa, para a
dimensão digital-conectiva. O país está experimentando um orgasmo
democrático. A lógica é, como diria Michel Maffesoli, dionisíaca e não ideológica.”
Segundo Di Felice, do ponto de vista sociopolítico,
as arquiteturas informativas digitais e as redes sociais estão trazendo,
no mundo inteiro, alterações qualitativas que podem ser classificadas
em dez pontos: 1. A possibilidade técnica do acesso de todos a todas as
informações; 2. O debate coletivo em rede sobre a questões de interesse
público; 3. O fim do monopólio do controle e do agenciamento das
informações por parte dos monopólios econômicos e políticos das empresas
de comunicação; 4. O fim dos pontos de vista centrais e das ideologias
políticas modernas (seja de esquerda ou direita) que tinham a pretensão
de controlar e agenciar a conflitualidade social; 5. O fim dos partidos
políticos e da cultura representativa de massa que ordenavam e
controlavam a participação dos cidadãos, limitando-a ao voto a cada
quatro anos. A partir do sexto ponto, o professor classifica aquilo que
trata da evolução sistêmica: 6. O advento de uma lógica social conectiva
que se expressa na capacidade que as redes sociais digitais têm de
reunir, em tempo real, uma grande quantidade de setores diversos e
heterogêneos da população em torno de temáticas de interesse comum; 7. A
passagem de um tipo de imaginário político baseado na representação
identitária e dialética (esquerda-direita; progressistas-reacionários,
etc.) para uma lógica experiencial, conectiva e tecno-colaborativa, que
se articula não mais através das ideologias, mas através da experiência
entre indivíduos, informações e territórios; 8. O advento de um novo
tipo de gestão pública e de democracia; 9. A transformação da relação
entre político e cidadão e do papel dos eleitos, que passam a ser
considerados não mais como representantes do poder absoluto, mas
porta-vozes e meros executores da vontade popular que os vigia a cada
decisão; 10. A passagem de um imaginário político, baseado em uma esfera
pública na qual a participação dos cidadãos era apenas opinativa, para
formas de deliberação coletiva e práticas de decisão colaborativas que
se articulam autonomamente nas redes.
Eis a entrevista.
Os protestos são organizados nas redes, mas nota-se que há líderes surgindo nas ruas. Como o senhor vê isso?
Os movimentos nascem nas redes, atuam em ruas, mas não em ruas
comuns. Eles atuam em “ruas conectadas” e reproduzindo em tempo real,
nas redes, os acontecimentos das manifestações. Através da computação
móvel, debatem e buscam soluções continuamente, expressando uma original
forma de relação tecno-humana e inaugurando o advento de uma dimensão
meta-geográfica e atópica (do greco a-topos: lugar indescritível, lugar
estranho, fora do comum). Embora o sociólogo espanhol Manuel Castells
defenda que os movimentos sociais contemporâneos nascem nas redes e que
somente depois, nas ruas, ganham maior visibilidade, não me parece ser
esta a sua descrição mais apropriada. Ao contrário: o que está
acontecendo em todas as ruas, em diversos países do mundo, é o advento
de uma dimensão imersiva e informativa do conflito, que se exprime numa
espacialidade plural, conectiva e informativa. Os manifestantes habitam
espaços estendidos, decidem suas estratégias e seus movimentos nas ruas
através da interação contínua nas “social networks” e da troca instantânea de informações.
Não somente se deslocam conectados, mas a manifestação é tal e
acontece de fato somente se é postada na rede, tornando-se novamente
digital, isto é, informação. Não é mais possível pensar em espaços
físicos versus espaços informativos. Os conflitos são informativos.
Jogos de trocas entre corpos e circuitos informativos, experimentações
do surgimento de uma carne informatizada, que experimenta as suas
múltiplas dimensões: a informativa digital e a sangrenta material,
golpeada e machucada. Ambas são reais e nenhuma é separada da outra, mas
cada uma ganha a sua “veracidade” no seu agenciamento com a outra.
Todos esses dias de junho, em São Paulo, e em muitas outras capitais,
jogamos games coletivos – todos fomos conectados a circuitos de
informações, espaços e curtos-circuitos que alteravam nossos movimentos
segundo as imagens e as interações dos demais membros do jogo. Todos
experimentamos a nossa plural e interativa condição habitativa. O sangue
dos manifestantes, golpeados pelos policiais, não caía apenas no chão
das ruas, mas se derramava em espacialidades informativas. A polícia,
através da computação móvel e das conexões instantâneas, tornou-se
mídia, cúmplice de um ato informativo, e os manifestantes experimentaram
o prazer de transformar seus corpos em informação. Transformar a
polícia em mídia foi uma das grandes contribuições destes movimentos,
que não possuem líderes nem direção única. Todas as tentativas
oportunistas de direcionar e organizar os conjuntos de movimentos serão
desmascaradas. Estamos falando da sociedade civil conectada e não deste
ou daquele movimento social. Os atores destes movimentos, portanto, não
são apenas os humanos, menos ainda alguns líderes. Não estamos falando
de movimentos tradicionais que aconteciam nos espaços urbanos e
industriais. Estamos, de fato, já em outro mundo.
Fora das redes, ainda há muita gente sem entender o que as
manifestações significam, ou como elas surgiram. No ambiente virtual, há
maior entendimento sobre o tema?
As manifestações do Brasil são expressões de uma transformação qualitativa
que desde o advento da internet altera a forma de participação e o
significado da ação social. O Centro de Pesquisa Atopos, da Universidade
de São Paulo, está finalizando uma pesquisa internacional sobre o tema,
com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo).
A pesquisa analisou as principais formas de net- ativismo em quatro
países (Brasil, França, Itália e Portugal). Os resultados são
interessantes e mostram claramente alguns elementos comuns que, mesmo em
contextos diferentes, se reproduzem e aparecem como caraterísticas
parecidas.
Isso sublinha, mais uma vez, a importância das redes de conectividade
e as caraterísticas tecno-informativas dessas expressões de
conflitualidade que surgem na origem, na organização e nas formas de
atuação destes movimentos. Em síntese, as principais caraterísticas
comuns a todos eles são as seguintes: 1. O net-ativismo se coloca fora
da tradição política moderna, pois expressa um novo tipo de
conflitualidade que não tem como objetivo a disputa pelo poder. Todos os
movimentos que marcam as diversas formas de conflitualidade
contemporânea (os Zapatistas, os Indignados, Occupy Wall Street, Anonymous, M15
etc.) não têm como objetivo tornar-se partidos políticos e concorrer
nas eleições. São todos explicitamente apartidários e contra a classe
política. Reúnem-se todos contra a corrupção, os abusos e a incapacidade
dessas mesmas classes políticas e de seus representantes; 2. São
movimentos e ações que não estão organizados de forma tradicional, isto
é, não são homogêneos, compostos por pessoas que se reconhecem na mesma
ideologia ou em torno do mesmo projeto político. Ao contrário: são
formas de protesto compostas por diversos atores e nos quais, como numa
arquitetura reticular, as contraposições não são dialéticas e não
inviabilizam a ação; 3. Possuem uma forma organizativa informal e,
sobretudo, sem líderes e sem hierarquias; 4. O anonimato é um valor, não
somente porque permite a defesa perante ações repressivas, mas porque é
a forma através da qual é defendida a não-identidade, coletiva ou
individual, de seus membros e das ações. Na tradição das ações
net-ativistas, a ausência de identidade e a não visibilidade é o meio
através do qual a conflitualidade não se institucionaliza, tornando-se,
assim, irreconhecível, não identificável e capaz de conservar a sua
própria eficácia conflitiva; 5. São movimentos ou ações temporários e,
portanto, não duradouros, cujas finalidades e ambições máximas são o
próprio desaparecimento.
Estes e outros elementos que encontramos em todas as ações
net-ativistas são parte, já, de uma tradição que possui textos e
reflexões que vão desde o cyberpunk até as contribuições de Hakim Bey, a guerrilha midiática de Luther Blisset, até a conflitualidade informativa zapatista. Os Anonymous
e os Indignados e as diversas formas de conflitualidade digital
contemporâneas são, na sua especificidade, a continuação disso. Não há
uniformidade, nem pertença de nenhum tipo, mas inspiração.
A questão informativa é a grande façanha da tecnologia?
Na teoria da opinião pública, estamos assistindo a uma grande
passagem do líder de opinião para o empreendedor cognitivo. O líder de
opinião ganhava seu poder de persuasão através do poder midiático que
lhe permitia, de forma privilegiada, através da TV ou
das páginas de um jornal, alcançar grande parte da população de um país.
Esta figura, geralmente um comentarista, um cientista político, um
profissional da comunicação, um político ou uma personalidade pública, é
hoje substituído no interior das novas dinâmicas dos fluxos
informativos por outro tipo de informante e de mediador. Este é aquele
que, por ter vivenciado ou por ter sido o próprio protagonista de um
acontecimento, distribui, através das mídias digitais, diretamente, sem
mediações, o acontecimento.
É o caso dos manifestantes que postaram tudo o que aconteceu nas ruas
durante as manifestações. Nenhum comentarista ou líder de opinião
conseguiu competir e disputar com eles outra versão dos acontecimentos.
Eles, os manifestantes, fizeram a cobertura do evento
com seus celulares, suas câmeras baratas, a partir do próprio lugar dos
acontecimentos, ao vivo. A maioria das informações que circulavam foi
produzida por eles. Isso foi possível porque existe uma tecnologia que
permite que isso seja possível. Isto é, também um fato político que
quebra em pedaços décadas de estudos sociológicos sobre a relação entre
mídia e política, entre mídia e poder. A grande transformação que as
redes digitais produzem é a interatividade.
As pessoas conectadas buscam suas informações, as ordenam, obtêm mais
fontes e elementos para avaliá-las. Digamos que, tendencialmente, a
população é mais consciente, pois tem acesso direto a uma quantidade
infinita de informações sobre qualquer tipo de assunto, tornando-se eles
mesmos editores e criadores de conteúdo. Da mesma maneira, pelos mesmos
dinamismos informativos, eles se tornam políticos, administradores e
transformadores de suas cidades ou de suas localidades.
"Nenhum partido de esquerda consegue hoje representar os
anseios e as utopias sequer de uma parte significativa da população.
Eles se encontram na singular e
cômica situação do menino escoteiro que,
para cumprir sua boa ação, tenta convencer a velhinha a atravessar a
rua para poder ajudá-la.
Só que a velhinha não quer cruzar a rua,
mas
deseja ir em outra direção."
O senhor é europeu, mas vive há muitos anos na América
Latina. Como difere o processo de expressão massiva entre os dois
continentes?
Absolutamente não se distingue. Os movimentos possuem todos eles as
mesmas características. Em cada país temos situações específicas e
atores diferentes, mas que atuam de maneira análoga: através das redes
digitais. Possuem a mesma específica forma de organização coletiva: não
institucionalizada e sem hierarquia. Expressam as mesmas reivindicações:
contra a corrupção dos partidos políticos, por maior transparência e
eficiência, melhor qualidade dos serviços públicos. Desconfiam todos de
seus representantes e querem decidir diretamente sobre os assuntos que
lhes interessam.
Quais as consequências dessa posição que as manifestações assumem?
A rede é o “Além do Homem” do filósofo alemão Friedrich Nietzsche.
Não é fácil, no seu interior, construir éticas coletivas, nem
majoritárias, pois o seu dinamismo é emergente e sua forma, temporária. A
participação em rede não irá produzir novas ideologias unitárias, menos
ainda revoluções, pois sua razão não é abstrata e universal, mas
particular e conectiva, mutante e incoerente. Apenas poderá destruir o
velho jogo vampiresco da governança representativa e partidária, pois
esta não é mais representativa e gera um sistema baseado na corrupção,
em que a corrupção não é exceção, mas regra e norma do jogo.
As ideologias políticas que prometiam a igualdade e a salvação do
mundo fracassaram, não apenas em seu intento socioeconômico igualitário,
mas naquele mais importante: de produzir um novo imaginário social e
cultural que nos tornasse parte de uma sociedade mais justa, na qual
pudéssemos nos tornar melhores do que somos. A não-ética coletiva das
redes não será um decálogo de normas e uma visão de mundo organizada e
proferida pela boca das vanguardas, ou dos líderes iluminados, sempre
prontos a surfar uma nova onda, mas será muito mais humildemente
particular. Não mudará o mundo, mas resolverá através da conectividade
problemas concretos e específicos, que têm a ver com a qualidade do ar, o
direito à informação, o preço do transporte público, a qualidade do
atendimento nos hospitais, a qualidade da educação. Isto é: tudo aquilo
que partido nenhum jamais conseguiu fazer.
Para certa esquerda, está em marcha o acirramento de um fascismo nas
manifestações, cujo sintoma é a rejeição de partidos nas passeatas. Uma
ala da direita, com o apoio da imprensa, também contesta as
manifestações como sendo “armação” da esquerda.
É visível para todos o oportunismo e o desespero de uma cultura
política da modernidade que se descobriu, de repente, obsoleta e fora da
história. Nenhum partido de esquerda consegue hoje representar os
anseios e as utopias sequer de uma parte significativa da população.
Eles se encontram na singular e cômica situação do menino escoteiro que,
para cumprir sua boa ação, tenta convencer a velhinha a atravessar a
rua para poder ajudá-la. Só que a velhinha não quer cruzar a rua, mas
deseja ir em outra direção. A lógica dialética, eurocêntrica e cristã,
baseada na contraposição entre o bem e o mal, marca toda a cultura
política da esquerda – que hoje se configura como uma religião laica,
não mais racional nem propositiva, mas histérica.
O advento dos movimentos e das manifestações expressou com clareza o
desaparecimento do papel de vanguarda, e a incapacidade histórica de
análise e de abertura à diversidade e ao livre debate dos partidos. Como
na lógica da salvação religiosa, o bom e o justo existem e justificam a
sua função somente enquanto existe o mal. A caça às bruxas é uma
exigência, a última tentativa de justificar sua função, e uma
necessidade ainda de sua presença em defesa dos mais “fracos” e
“necessitados”. Não excluo que, em casos não representativos, tenhamos
tido a presença de grupos de alguns poucos e isolados indivíduos de
direita. Mas a reação e a caça às bruxas que foi gerada é de natureza
histérica e a-racional, a última tentativa de voltar no tempo e na
história – um passado ameaçador em que havia necessidade de uma ordem,
de uma ideologia e de uma vanguarda que representasse o confortador
papel da figura paterna.
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A reportagem e a entrevista é de Marcos Nunes Carreiro, publicada por Outras Palavras, 05-11-2013.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/525443-a-internet-e-o-orgasmo-democratico
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