Pe. João Batista Libanio, SJ
Os
extremos fascinam. Olhamos para as mais altas montanhas dos Andes e dos Alpes,
e como gostaríamos estar lá em cima e contemplar as maravilhas cá em baixo. O
fundo do mar exerce semelhante atração. Andaríamos felizes no meio a belezas
nunca vistas. Mas eles encerram enormes riscos, daí que a prudência não nos
aconselha ir até o fim. Pelo contrário, muitos terminam em desastre total. Por
isso, os antigos nos deixaram a sabedoria do dito: in medio stat virtus – no
meio está a virtude.
Oscilamos, no tempo presente, entre os extremos do individualismo e do corporativismo. O primeiro põe o indivíduo no centro e faz tudo girar em torno dele. Vale distinguir indivíduo de pessoa. Esta diz abertura e relação ao outro. Estou aqui aberto a você! Indivíduo, pelo contrário, acentua a si próprio e a diferença em relação ao outro. “Não sou você”.
O corporativismo salta para o lado oposto. Não existo. Sou o grupo. Anulo-me no corpo a que me integro. Perco a minha identidade na ideologia, no interesse, no programa da corporação, qualquer que ela seja. Como os extremos, sob certo sentido, se encontram, o corporativismo se aproxima do individualismo do grupo. Existe ele e não se interessa pelos outros. Antes, considera-os, com frequência, em adversário a ser vencido. Haja vista as concorrências corporativistas.
Oscilamos, no tempo presente, entre os extremos do individualismo e do corporativismo. O primeiro põe o indivíduo no centro e faz tudo girar em torno dele. Vale distinguir indivíduo de pessoa. Esta diz abertura e relação ao outro. Estou aqui aberto a você! Indivíduo, pelo contrário, acentua a si próprio e a diferença em relação ao outro. “Não sou você”.
O corporativismo salta para o lado oposto. Não existo. Sou o grupo. Anulo-me no corpo a que me integro. Perco a minha identidade na ideologia, no interesse, no programa da corporação, qualquer que ela seja. Como os extremos, sob certo sentido, se encontram, o corporativismo se aproxima do individualismo do grupo. Existe ele e não se interessa pelos outros. Antes, considera-os, com frequência, em adversário a ser vencido. Haja vista as concorrências corporativistas.
Jesus
vai em outra direção. Nem individualismo, nem corporativismo, mas
comunidade. Onde está a diferença? Na comunidade, cada um permanece na sua
identidade, liberdade e consciência. Assim se distancia do corporativismo. Por
outro lado, entende a liberdade como relação com outra liberdade. Tanto mais
livres somos quanto mais nos pomos em comunhão, contato, convivência com outras
liberdades. Elas se enriquecem mutuamente.
A
acolhida terna, generosa e festiva do pai que recebe o filho que o abandonou
e gastou-lhe a herança traduz o coração da pedagogia de Jesus
|
Liberdade
solitária na Ilha de Robinson Crusoe não se realiza. A lenda (ou fato) das duas
crianças educadas por lobas – Amala e Kamala – que mantiveram hábitos animais
de andar de quatro, de ter melhor visão de noite, de uivar para a lua e
careciam de gestos humanos mínimos como andar sobre os dois pés, sorrir, falar,
tipo de alimentação. Em todo caso, a criança se socializa no meio em que vive e
aí aprende hábitos humanos. Quando a socialização se faz em meios perversos,
violentos, sem relações humanas, preparamos monstros.
A pedagogia de Jesus centra-se no amor, no reconhecimento do outro na sua diferença e originalidade. A acolhida terna, generosa e festiva do pai que recebe o filho que o abandonou e gastou-lhe a herança recebida traduz o coração da pedagogia de Jesus: misericórdia, bondade, perdão, alegria pela vida e regeneração do outro. Diferente do irmão que não quis participar da festa.
O amor vence o individualismo porque nos leva a sair de nós mesmos. Supera o corporativismo porque não entende a reunião das pessoas como corpo compacto e preparado para combater e vencer outros grupos, mas convivência comunitária aberta a todo que quer associar-se. Os cristãos da comunidade primitiva aprenderam muito bem de modo que os pagãos se diziam mutuamente: vejam como eles se amam!
A pedagogia de Jesus centra-se no amor, no reconhecimento do outro na sua diferença e originalidade. A acolhida terna, generosa e festiva do pai que recebe o filho que o abandonou e gastou-lhe a herança recebida traduz o coração da pedagogia de Jesus: misericórdia, bondade, perdão, alegria pela vida e regeneração do outro. Diferente do irmão que não quis participar da festa.
O amor vence o individualismo porque nos leva a sair de nós mesmos. Supera o corporativismo porque não entende a reunião das pessoas como corpo compacto e preparado para combater e vencer outros grupos, mas convivência comunitária aberta a todo que quer associar-se. Os cristãos da comunidade primitiva aprenderam muito bem de modo que os pagãos se diziam mutuamente: vejam como eles se amam!
---------------------------
* Professor da Faculdade Jesuítica de Teologia e Filosofia
Fonte: http://www.arquidiocesebh.org.br/site/opiniao_e_noticias.php?id_opiniao_e_noticias=7282
Nenhum comentário:
Postar um comentário