No eterno do amor e do seu relato poético, é das longínquas paragens da China de hoje que vem um poema do amor total, este Darling (título inglês) do poeta chinês Mang Ke (1951).
Mang Ke (1951) encontra-se entre os mais conhecidos poetas da China dos nossos dias. Incluido por alguns no grupo dos Misty Poets, foi co-fundador com o poeta Bei Dao da revista Today
durante a Primavera de 1979 em Pequim. Encerrada pelo governo em 1980,
esta revista teve papel fulcral na experimentação artística pós
Revolução Cultural. Como tantos outros, também Mang Ke (1951) viveu em
exílio interno no campo, no período da Revolução Cultural.
Transcrevo a versão inglesa do poema, que conheço, e acompanho-a com uma minha aproximação em português.
Darling
If your body returns to its first form,
a small heap of yellow earth,
I'm still willing to lie on your full breasts
as I did in the beginning
I'm willing to turn into sunlight
to clothe you in a skin of sun
I'm willing to melt silently with you into one body
If your body turns to spring soil
I'm willing to surrender my own shape
to become water
I'm willing to be sucked up entirely
and with every feeling I have
to saturate your body
Querida
Se o teu corpo regressar à primitiva forma:
um pequeno torrão de terra amarela,
jazerei sobre o teu peito
como no princípio aconteceu.
Disponível estou para em luz do sol me transformar
e numa capa solar te envolver.
Voluntária e silenciosamente me fundirei contigo num só corpo.
Se o teu corpo num regato se transformar
voluntariamente deixarei a minha forma
e serei água
disposto a ser sugado
e com com todo o meu sentir
saturar o teu corpo.
Acompanham o artigo alguns dos extraordinários retratos de família pintados por Zang Xiaogang (1958) a partir de antigas fotos do tempo da Revolução Cultural.
Espantosos
no misto de familiaridade e irrealidade que transmitem, dão a ver
simultaneamente seres humanos e robots no que foi uma das grandes
tragédias que parte da humanidade do século XX viveu. A esta pintura
regressarei de forma mais circunstanciada.
Fonte: http://viciodapoesia.wordpress.com/2014/01/14/
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