ENTREVISTA
Referência
mundial em estudos sobre redes sociais e comunidades virtuais, o
professor da Universidade de Stanford (EUA) Howard Rheingold (foto) começou
ainda nos anos 1980 as investigações sobre as revoluções sociais
causadas pela internet. Seu novo livro, Netsmart, discorre sobre o uso
inteligente e produtivo das mídias sociais. Em entrevista por telefone a
ZH, o escritor fala sobre a dificuldade de muitos usuários de se
desconectar do Facebook.
Zero Hora – Ainda não usamos as redes sociais de maneira inteligente e prazerosa?
Howard Rheingold – É algo novo e complexo. Eles estão constantemente mudando suas políticas de privacidade. É preciso entender as configurações bastante complexas de privacidade para ter algum controle sobre a suas informações. O que me preocupa é que o Facebook tem o objetivo de “ser” (põe ênfase na palavra) a web. Isso não é bom.
ZH – Mas as próprias pessoas não estariam se expondo demais?
Rheingold – Cada vez mais as pessoas acreditam que o mundo online é apenas o Facebook. Quando se publica um conteúdo, ele pode ser rastreado e encontrado por outros, e as pessoas não estão cientes disso. O Facebook não está se responsabilizando pela educação das pessoas.
ZH – Pesquisas apontam que os mais jovens estão se interessando por outras redes sociais. Eles não querem encontrar os pais na internet?
Rheingold – A presença dos pais no Facebook é determinante. Você age de uma maneira na frente dos seus amigos e de modo diferente com os seus pais. As pessoas possuem contextos sociais diferentes. Hoje, esse contexto colapsou: seus pais e seus amigos veem as mesmas coisas na internet. Mas há o fator novidade: se o Facebook é algo que os pais usam e está aí há algum tempo, as novidades parecem mais atraentes.
ZH – E por que não muitas pessoas não conseguem sair do Facebook?
Rheingold – É muito atraente ver o que seus amigos estão fazendo e assistir vídeos fofos de gatos. As pessoas ainda não sabem controlar a atenção. Ter esse controle não é impossível, pode ser aprendido, mas não é ensinado. Eu acredito que é algo que deveria ser ensinado nas escolas.
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paula.minozzo@zerohora.com.br
Reportagem por PAULA MINOZZOZero Hora – Ainda não usamos as redes sociais de maneira inteligente e prazerosa?
Howard Rheingold – É algo novo e complexo. Eles estão constantemente mudando suas políticas de privacidade. É preciso entender as configurações bastante complexas de privacidade para ter algum controle sobre a suas informações. O que me preocupa é que o Facebook tem o objetivo de “ser” (põe ênfase na palavra) a web. Isso não é bom.
ZH – Mas as próprias pessoas não estariam se expondo demais?
Rheingold – Cada vez mais as pessoas acreditam que o mundo online é apenas o Facebook. Quando se publica um conteúdo, ele pode ser rastreado e encontrado por outros, e as pessoas não estão cientes disso. O Facebook não está se responsabilizando pela educação das pessoas.
ZH – Pesquisas apontam que os mais jovens estão se interessando por outras redes sociais. Eles não querem encontrar os pais na internet?
Rheingold – A presença dos pais no Facebook é determinante. Você age de uma maneira na frente dos seus amigos e de modo diferente com os seus pais. As pessoas possuem contextos sociais diferentes. Hoje, esse contexto colapsou: seus pais e seus amigos veem as mesmas coisas na internet. Mas há o fator novidade: se o Facebook é algo que os pais usam e está aí há algum tempo, as novidades parecem mais atraentes.
ZH – E por que não muitas pessoas não conseguem sair do Facebook?
Rheingold – É muito atraente ver o que seus amigos estão fazendo e assistir vídeos fofos de gatos. As pessoas ainda não sabem controlar a atenção. Ter esse controle não é impossível, pode ser aprendido, mas não é ensinado. Eu acredito que é algo que deveria ser ensinado nas escolas.
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paula.minozzo@zerohora.com.br
Fonte: ZH online, 11/-1/2014
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