Spencer Trappist Ale é a primeira trapista americana
Para serem aceitas como trapista, essas cervejarias foram visitadas
por uma comissão nos meses de outubro e novembro. A comissão apresentou
um relatório para o conselho da Associação Trapista Internacional que,
em 10 de dezembro, reconheceu ambas como cervejas trapistas, permitindo
que elas usem este nome e a marca associada a ele.
Sendo assim, elas se juntam às belgas Achel, Chimay, Orval,
Rochefort, Westvleteren e Westmalle; à francesa Mont des Cats (que é de
monges da França, mas é produzida na Chimay), à austríaca Stift
Engelszell e à holandesa La Trappe.
Para ser trapista, a cerveja deve: “ser feita dentro de um monastério
trapista, por monges ou sob a supervisão de monges. A produção de
cerveja deve ter importância secundária dentro do mosteiro (a coisa mais
importante é a religião) e deve responder às práticas de negócios
próprias do modo de vida monástico. Não pode visar o lucro. A renda
gerada deve ser usada para pagar as contas dos monges, do monastério e
da cervejaria. O que sobrar deve ser doado para a caridade, para o
serviço social e para quem estiver precisando. Cervejas trapistas devem
responder aos parâmetros de vigilância sanitária, segurança e informação
ao consumidor. A propaganda dessas cervejas deve ser marcada pela
honestidade, sobriedade e modéstia próprios do espaço religioso em que
são feitas.”
Abadia.
As cervejas trapistas são da família chamada
abadia, formada principalmente por blonde, dubbel e trippel. O
sommelier de cerveja Alfredo Ferreira, do Instituto da Cerveja, explica:
“toda cerveja trapista é de abadia, mas nem toda cerveja de abadia é
trapista”.
Esclarecido esse primeiro ponto, ele explica o que esperar no copo.
As cervejas dubbel e trippel têm teor alcoólico elevado e corpo leve,
característica que se deve à adição de um açúcar (candy sugar). Na
dubbel, é adicionado candy sugar escuro, o que faz que ela fique
avermelhada ou marrom – mas sem as características de sabor mais
comumente associadas a esses tons mais escuros. É porque em quase todos
os estilos, a cor mais escura vem do fato de o grão de cevada ter sido
torrado, o que vai dar sabores tostados. Como nesse caso a cor é do
açúcar, ela vem sozinha. Dubbels são marcadas por aromas de malte,
caramelo e frutas secas.
As trippels têm um amargor mais marcante, notas de malte, e sabores
condimentados e cítricos. É comum que essas cervejas passem por segunda
fermentação na garrafa. A Zundert, por exemplo, é uma trippel.
Agora, para complicar as coisas, a Spencer Trappist Ale não é nem
blonde nem dubbel nem trippel. É uma belgian pale ale, estilo que não é
típico de abadia. Espera-se que seja dourada, com corpo leve e aroma de
lúpulo leve, alguma coisa de notas de malte e de especiarias. “No
limite, os monges podem fazer a cerveja que quiserem, se forem monges
trapistas e receberem o selo da associação, a cerveja seja trapista”,
resume Ferreira.
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Reportagem Por Heloisa Lupinacci
Fonte: Estadão online, 16/01/2014
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Reportagem Por Heloisa Lupinacci
Fonte: Estadão online, 16/01/2014
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