Maupal, criador do grafito do "SuperPapa": Não vou à igreja mas gosto de Francisco; é o único a usar o poder para o bem
Na segunda-feira, com a escuridão a seu favor («em
teoria é uma ação ilegal, faz-se sempre de noite»), Mauro Pallota,
pintor de profissão, artista de rua por paixão, desenhou na parede de
uma das ruas de Roma, a dois passos do Vaticano, o "SuperPapa".
«É um grafito ecológico e removível» que retrata o papa
Francisco nas vestes de um super-herói», diz Mauro, nascido em 1972,
que esta quarta-feira não teve descanso, com o telefone a tocar todo o
dia.
«Disseram-me para ir à Via Plauto [onde o grafito foi
desenhado] e encontrei câmaras de filmar, fotógrafos, jornalistas»,
recordou o artista, que esperava uma apreciação favorável mas nunca
imaginou que desse a volta ao mundo.
«Os meus trabalhos de rua tiveram sempre reações
positivas; pensava que este iria fazer um pouco mais de rumor, mas não
que chegasse a todo o lado», disse sobre o grafito que o Pontifício
Conselho das Comunicações Sociais publicou no seu perfil na rede social
Twitter.
«Levei mais tempo a encontrar a parede certa sobre o
qual o fixar do que a desenhá-lo», conta "Maupal", como assina. «Quanto
à zona - prosseguiu - nunca tive dúvidas: em Borgo Pio, o bairro papal
por excelência, onde nasci e cresci, e aqui hoje todos adoram
Francisco.»
Mauro Pallota junto do grafito
«Precisamente pela empatia que consegue criar à sua
volta, o papa é muito pop, e quis desenhá-lo pop, como numa banda
desenhada. Os superpoderes de que o dotei representam o enorme poder de
que dispõe, que ele usa, o único líder no mundo, para fazer o bem. É o
único que faz aquilo que diz e diz aquilo que faz.»
«Os heróis das bandas desenhadas americanos descendem
dos da mitologia grega, e eu quis interpretá-lo nessa chave, mas com
toques de humanidade, como o cachecol da equipa argentina do San
Lorenzo, por quem ele torce, os sapatos velhos e aquela mala preta de
que nunca se separa.»
«A ideia chegou-me numa tarde, há algumas semanas:
estava a folhear um pequeno jornal de super-heróis quando na televisão
começaram a falar do papa. Na minha cabeça foi como um curto-circuito: o
papa é um super-herói.
Pallota teve uma educação católica, mas hoje «não
frequenta». Por isso, parece-lhe que a sua homenagem a Francisco faz
ainda mais sentido: «Gosto precisamente dele como homem, não porque
acredite».
Piero Negri
In Vatican Insider
Trad./redação: rjm
30.01.14
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