quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Feliz Ano-novo!

 CÉLIA FARJALLAT*
 
”Para ganhar um Novo Ano, 
que mereça este nome , 
você meu caro,
 tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo; 
eu sei que não é fácil . 
Mas tente, experimente, 
consciente... “ 
(Carlos Drummond de Andrade)

Clima de festa e de esperança , mas também de muitas expectativas , de certo pessimismo , de saturação. No cenário tecnológico e científico, a antevisão de fabulosas conquistas, Vejam , por exemplo , como já se pesquisa a produção de órgãos com células tronco . Dia chegará em que teremos fígado e rins , miolos e o resto reconstituídos .

Neste clima, de um lado a esperança mais inocente , de outro a incredulidade, despede-se o Ano Velho, que encarquilhado já deu seus últimos sinais de vida . Nós o empurramos , sem cerimônia, para um canto da memória e lá o deixamos com os despojos de outros anos, vividos e sofridos. Agora, não o queremos mais , pois preferimos os anseios , as louvações, os afagos para o Novo Ano.

É tempo de retrospectivas pelos jornais , tevês e rádios. Tempo de entrevistados deitarem falação, de políticos enaltecerem seus planos infalíveis, a serem executados no “Dia de São Nunca“. Alguns deles ainda conseguem ser originais ; mas a maioria repete banalidades e chateações , e fazem calorosos votos de felicidades , que provocam bocejos e sorrisos de ironia.

As coisas nem sempre mudam de ano para ano . Ou melhor, mudamos nós , como lamentava o poeta. Temos olhos mais frios e argutos , às vezes, cínicos. Não é que não se acredite em novos planos, em novos tempos mais felizes e calmos , e sobretudo, mais honestos. Acreditamos, sim, mas em termos. Hoje, já desconfiamos de políticos sorridentes, de legisladores em causa própria , de enfatuados medalhões; de gente medíocre e ainda chata , de uma chatice de arrepiar.

Mas o Ano Novo está aí, com mil promessas. Que seja o portador de dias mais sossegados , sem pivetes e sem meninos drogados . Que as crianças encontrem seu espaço e muita ternura, muita paciência , além de boa dose de senso comum.

Que no Novo Ano, os jovens percebam que os tempos exigem esforço, trabalho e colaboração . Por exemplo, que respeitem a escola onde estudam, que ela seja seu segundo lar e que quando partirem saibam que lá estão deixando os melhores anos de sua vida.

Que, enfim, homens e mulheres não se robotizem , nem esperem apenas as respostas que saem dos terminais dos computadores sem sentimento e emoção . Que as alegrias sejam repartidas, as responsabilidades divididas; que o egoísmo, a ingratidão, a ganância sejam banidos para sempre. Espero tudo isso no decorrer do próximo ano. Tudo isso e o céu também.
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* Célia é jornalista e atualmente cronista do Correio Popular.
e-mail: correiopontocom@rac.com.br
Fonte: Correio Popular online
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