sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O seu coração está a encolher a sua vida?

P. Dennis Clark*
 
Alguns anos após a Guerra Civil nos EUA ter terminado, o famoso general Robert Lee visitou a plantação de um amigo no Kentucky. Diante da mansão estavam ainda os tristes vestígios de uma grande magnólia, cujos ramos tinham sido destruídos pela artilharia. 

Apesar da passagem do tempo, a dona da casa vivia ainda com um sentimento amargo, e chorou lágrimas encolerizadas quando mostrou ao general o tronco cicatrizado e enegrecido da árvore. A mulher fez uma pausa, na expetativa de que a sua raiva fosse reforçada por palavras que reprovassem o odioso inimigo. 

O general ficou silencioso durante alguns instantes. Depois, olhou para o que restava da magnólia e disse: «Deite-a abaixo, querida senhora, e esqueça».

Durante anos, a mulher envenenou e reduziu a sua vida ao afeiçoar-se àquelas memórias amargas. Mudar de atitude implicava uma profunda mudança do coração. Porque é com o nosso coração que olhamos para o mundo, tiramos-lhe as medidas e decidimos como reagir a ele.

Se os nossos corações são amargos, maus ou pequenos, eles projetarão a sua imagem estreita e horrível do mundo. Nele encontraremos precisamente o que estamos à espera de encontrar, ou seja, nada de bom. Reduziremos os nossos amigos a inimigos e as oportunidades a problemas. E nesta dinâmica, os nossos coração tornar-se-ão, eles também, cada vez mais pequenos e estreitos, com cada vez menos espaço para a amizade e para o amor que as pessoas nos querem dar. É o que Jesus quer dizer quando afirma: «A medida que usardes com os outros será usada convosco». 

Mas, e se os nossos corações não forem frios, duros e pequenos? O que acontecerá se os nossos corações forem calorosos, abertos e otimistas? O que é que veremos? Um mundo muito diferente, um mundo cheio de pessoas boas que ainda não se completaram, um mundo de pessoas que lutam para que a sua vida dê certo, pessoas que conseguirão crescer se lhes dermos uma mão em vez de lhes virarmos as costas. Grandes corações podem visualizar tudo isto, e podem converter os inimigos em amigos, e podem amar as pessoas no seu todo, como elas são, tal como Deus as ama.

E nesta dinâmica de procurar o bem nos outros e ajudá-lo a ampliar-se, esses corações grandes e abertos tornar-se-ão cada vez maiores. E então encontraremos em nós uma capacidade totalmente nova de recebermos e alegrarmo-nos com o amor e a amizade que as pessoas nos querem dar. A medida que usarmos com os outros será aquela com que seremos medidos.

Em que mundo queremos viver? Num mundo hostil, cheio de inimigos e vazio de alegria? Ou num mundo pacífico, totalmente habitado por irmãos e irmãs? A escolha é nossa. E quer o saibamos ou não, os nossos corações estão neste preciso momento a criar o mundo que escolhemos. Com a ajuda de Deus, pode ser um mundo luminoso, com espaço suficiente para todos os filhos de Deus.
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* Escritor.
Trad./adapt.: rjm
Fonte: © SNPC (trad.) | 09.01.14
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