Preso em Guantánamo desde 2006, onde aguarda julgamento, Khalid Shaikh Mohammed escreveu um texto
de 36 páginas sobre os ataques
O terrorista Khalid Shaikh Mohammed, mentor intelectual confesso dos atentados de 11 de setembro de 2001, escreveu, da prisão, um manifesto em que fala sobre suas ideias.
O texto de 36 páginas, intitulado “O caminho rumo à verdadeira
felicidade”, foi escrito em outubro de 2013, mas só divulgado hoje pelo jornal Huffington Post.
Ele sob custódia dos Estados Unidos desde 2003 e, desde 2006, está aguardando julgamento na base de Guantánamo, em Cuba.
No texto, ele diz que defende a não-violência, pois o Alcorão a proíbe.
Ele não pede perdão pelos ataques ou mostra arrependimento.
Fala, também, que não se sente preso ou infeliz, pois seu espírito está
livre. Também diz que o Ocidente se perdeu no caminho da felicidade.
Diz, até, que seus guardas podem ser felizes, também, se se converterem ao Islã.
No documento, ele também critica o aborto, a Igreja Católica, o
casamento entre pessoas do mesmo sexo e a presença das tropas americanas
no Iraque e no Afeganistão.
O texto foi enviado à corte militar que irá julgá-lo. Seria um forma, portanto, de “defesa” antes do julgamento.
Leia a seguir alguns dos principais trechos do documento:
Trechos de texto escrito por Khalid Shaikh Mohammed
Ele diz que sua religião não permite a violência: “O Alcorão nos proíbe
de usar a violência para converter as outras pessoas. A verdade e a
realidade nunca vêm pela força e pelos músculos, sim pela mente e pela
sabedoria”.
Ele justifica o 11 de setembro como “autodefesa sancionada por todas as
constituições e leis internacionais quando as pessoas têm suas terras
ocupadas e são atacadas”.
Ele diz que a Al Qaeda
não odeia a liberdade americana: “Não acredite naqueles que dizem que
combatemos vocês porque vocês praticam democracia, liberdade ou dizem
que apoiam os direitos humanos”.
Diz que, na verdade, as pessoas são enganadas pela mídia e pelos
serviços de inteligência para pensarem que a Al Qaeda luta contra a
democracia. Segundo ele, os ataques aos EUA se justificam por causa de
seu apoio a Israel e pela opressão aos muçulmanos:
“Eles escondem o porquê do 11 de setembro e qual é a verdade por trás da ‘Guerra ao Terror’”, diz.
No capítulo final, ele questiona a luta dos EUA contra o terrorismo:
“Pelos interesses de quem foram essas guerras? Será que elas defendem o
povo americano e seus interesses? Eles lutaram para defender a liberdade
e os direitos humanos? Direitos das mulheres?", escreve.
Ele continua: "Ou eles lutaram para defender o interesse de
alguns indivíduos e corporações? Quem são esses indivíduos e
corporações? Não é verdade que eles trabalham para a indústria das
armas?”.
Algumas falas pinçadas de outras pessoas, que o terrorista coloca logo
nas primeiras páginas, revelam de onde vêm sua raiva, de onde ele tira o
que ele chama de “justificativa” para seus atos.
Ele cita, por exemplo, uma fala de George W. Bush, de 2001: “Essa
cruzada, essa guerra contra o terrorismo, vai durar um tempo. E o povo
americano deve ter paciência”.
Cita o ex-presidente Richard Nixon, numa fala de 1992: “Nenhuma nação,
nem mesmo a China comunista, tem uma imagem mais negativa da América que
o mundo islâmico”.
Ele cita, até mesmo, o Papa Bento 16, em uma fala de 2000, quando ele
ainda não era papa: “Mostre-me qualquer coisa que Maomé trouxe que era
novo e eu lhes mostrarei apenas coisas más e inumanas, como seu comando
para espalhar sua fé pela espada”.
Em nenhum momento, entretanto, ele cita o que já confessou ter feito:
matado mais de três mil pessoas, entre outros inúmeros crimes.
No início do texto, também pede que se esqueçam do nome de quem
escreveu tudo aquilo: “Antes de começarem a ler isso, se esqueçam do
escritor ou do nome do autor”.
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Foto: Cartaz com fotos de Khalid Shaikh Mohammed, quando era procurado
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