Antonio Mesquita Galvão*
Existe hoje por aí uma distorção entre os verbetes livraria e loja de
livros. Embora possam parecer sinônimos, como alguém me arguiu, o
sentido entre as duas expressões tem conotações bem diversas e são
capazes de firmar divergências iniludíveis.
As livrarias, do modelo antigo, não existem mais. Elas foram substituídas pelas lojas de livros, em geral organizadas como rotas de conveniência nos supermercados, postos de combustível ou shoppings. A tese entre os dois termos aqui expostos nos leva a refletir que, enquanto na livraria você vai ao encontro do livro, na loja de livros os artigos vêm ao seu encontro, expostos por técnicas de marketing em vitrines ou displays que apostam em uma compra por impulso.
Antigamente, a gente ia a uma livraria em busca de um livro, determinado ou aleatório, sabendo o que buscava (título ou autor) ou se deixava levar pela pesquisa entre as prateleiras de gêneros diversos. Isto hoje é diferente. Nem as lojas de livros religiosos fogem desse perfil. Elas foram invadidas por outros artigos, discos, imagens, quinquilharias e outros fetiches, e o que é oferecido, além das várias edições de Bíblias, são obras traduzidas de autores internacionais. Não sei se os livros estrangeiros têm um custo de produção menor, mas o fato é que eles ganham mais espaço nas livrarias ditas cristãs.
Na cidade onde moro, Canoas, no RS, seus 400 mil habitantes não dispõem de uma livraria. No máximo, tem algumas papelarias que vendem meia dúzia de livros.
Depois da série O Tempo e o Vento, o público leitor se sentiu despertado para uma releitura da obra de Erico Verissimo, foi às lojas de livros e não encontrou aquele clássico. Igualmente obras marcantes como Madame Bovary, Os Irmãos Karamázov, O Ser e o Nada ou O Processo raramente são encontradas. O que se encontra são obras, embora de valor duvidoso, de grande produção midiática, como A Cabana, Cinquenta Tons de Cinza, Crepúsculo (e seus derivados), bem como os livros sensacionalistas de Dan Brown. É aquilo que foi dito: a gente não vai em busca do livro, mas os livros que são sugeridos ao leitor.
Hoje, a internet é uma séria ameaça à comercialização de livros. Eu próprio, dos mais de cem livros que escrevi, tenho uns seis ou sete publicados gratuitamente em e-livros, para facilitar os leitores. Muita gente, em vez de comprar livros para pesquisas, prefere utilizar os sítios de busca. A nova realidade nos excluiu do trottoir das livrarias, daquela sensação orgástica de quem está a procura de tesouros...
Não sei se o fim das livrarias é resultante do fato de o povo não ler, ou o povo não lê pela diminuição da oferta de bons livros. Não se trata nem de “fim dos livros”; eu diria fim da cultura!
As livrarias, do modelo antigo, não existem mais. Elas foram substituídas pelas lojas de livros, em geral organizadas como rotas de conveniência nos supermercados, postos de combustível ou shoppings. A tese entre os dois termos aqui expostos nos leva a refletir que, enquanto na livraria você vai ao encontro do livro, na loja de livros os artigos vêm ao seu encontro, expostos por técnicas de marketing em vitrines ou displays que apostam em uma compra por impulso.
Antigamente, a gente ia a uma livraria em busca de um livro, determinado ou aleatório, sabendo o que buscava (título ou autor) ou se deixava levar pela pesquisa entre as prateleiras de gêneros diversos. Isto hoje é diferente. Nem as lojas de livros religiosos fogem desse perfil. Elas foram invadidas por outros artigos, discos, imagens, quinquilharias e outros fetiches, e o que é oferecido, além das várias edições de Bíblias, são obras traduzidas de autores internacionais. Não sei se os livros estrangeiros têm um custo de produção menor, mas o fato é que eles ganham mais espaço nas livrarias ditas cristãs.
Na cidade onde moro, Canoas, no RS, seus 400 mil habitantes não dispõem de uma livraria. No máximo, tem algumas papelarias que vendem meia dúzia de livros.
Depois da série O Tempo e o Vento, o público leitor se sentiu despertado para uma releitura da obra de Erico Verissimo, foi às lojas de livros e não encontrou aquele clássico. Igualmente obras marcantes como Madame Bovary, Os Irmãos Karamázov, O Ser e o Nada ou O Processo raramente são encontradas. O que se encontra são obras, embora de valor duvidoso, de grande produção midiática, como A Cabana, Cinquenta Tons de Cinza, Crepúsculo (e seus derivados), bem como os livros sensacionalistas de Dan Brown. É aquilo que foi dito: a gente não vai em busca do livro, mas os livros que são sugeridos ao leitor.
Hoje, a internet é uma séria ameaça à comercialização de livros. Eu próprio, dos mais de cem livros que escrevi, tenho uns seis ou sete publicados gratuitamente em e-livros, para facilitar os leitores. Muita gente, em vez de comprar livros para pesquisas, prefere utilizar os sítios de busca. A nova realidade nos excluiu do trottoir das livrarias, daquela sensação orgástica de quem está a procura de tesouros...
Não sei se o fim das livrarias é resultante do fato de o povo não ler, ou o povo não lê pela diminuição da oferta de bons livros. Não se trata nem de “fim dos livros”; eu diria fim da cultura!
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*Filósofo e escritorFonte: ZH online, 18/01/2014
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