Juliana Vines*
Estudos mostram quais fatores influenciam,
para melhor ou pior, como tomamos decisões;
raiva ajuda escolhas racionais,
falta de sono, não
para melhor ou pior, como tomamos decisões;
raiva ajuda escolhas racionais,
falta de sono, não
Da próxima vez que perguntarem por que aquelas promessas de ano novo não
saíram do papel, diga que a culpa é da sua bexiga. Ou, então, do
estresse e das noites mal dormidas.
Segundo a ciência que estuda a tomada de decisões, mais fatores
influenciam as escolhas do que a racionalidade é capaz de prever.
O exemplo da bexiga é curioso --e controverso. Em um estudo vencedor do
prêmio Ig Nobel (paródia do Nobel que elege os trabalhos mais bizarros),
pesquisadores holandeses e belgas descobriram que estar com a bexiga
cheia ajuda a evitar escolhas impulsivas.
"Pode até ser que tenha um efeito secundário, porque você aumenta o
nível de autocontrole em função da urgência para urinar, mas tenho
minhas dúvidas", diz o psicólogo Paulo Sérgio Boggio, coordenador do
Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
O grupo de Boggio faz pesquisas sobre a influência de fatores afetivos
nas escolhas. "Já sabemos que o cérebro não é uma máquina de fazer
contas, mas ainda não conseguimos saber quantas variáveis estão em
jogo", diz.
Uma delas, exemplifica, é a forma como as situações são apresentadas:
você faria uma cirurgia se dissessem que o risco de morte é 10%? E se
dissessem que a chance de sobreviver é de 90%?
Segundo a psicóloga Camile Costa Correa, que pesquisa tomada de decisão
na Universidade de Amsterdã, na Holanda, o estado de humor, a pressão de
uma situação estressante e a privação de sono são empecilhos para
escolhas satisfatórias.
Ela explica que há casos em que é possível driblar as variáveis e
decidir melhor. Deixar de ir ao supermercado com fome, por exemplo, pode
reduzir a chance de levar produtos muito calóricos.
"Mas não podemos controlar todos os aspectos, e aceitar isso pode ajudar a diminuir a ansiedade", diz.
Para o economista Marcos Fernandes, professor da Fundação Getúlio
Vargas, conhecer os fatores que influenciam na tomada de decisão pode
ajudar a controlá-los (ou prevê-los), o que deixa o processo mais
racional e menos impulsivo.
"Podemos evitar fazer decisões se sabemos que há outros fatores
influenciando. Mas temos que lembrar que toda escolha envolve algo
irracional", afirma.
Na opinião de Fernandes, isso não é um problema. "Decisões cruciais só
são feitas porque damos saltos no escuro, às vezes. Se fôssemos 100%
racionais, não sairíamos de casa."
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* Juliana Vines Faria de Lima é graduada em
jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - Londrina/PR), e
pós-graduada em Comunicação Popular e Comunitária, pela mesma
universidade. Também cursou ciências sociais pela Universidade Federal
do Paraná (UFPR).
Fonte: Folha online, 07/01/2014
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