quarta-feira, 12 de novembro de 2014

É o homem mais rico da China e está infeliz

No dia em que entrou para a bolsa, 19 de setembro de 2014,
 a empresa de Jack Ma encaixou 19,48 mil milhões de euros
 Getty Images
 
Alibaba voltou a fazer história esta quarta-feira com mais um recorde, mas Jack Ma revelou que sente uma "grande dor". Ser o homem mais rico da China está 
a causar-lhe uma série de dores de cabeça,

Jack Ma é o homem mais rico da China e está infeliz. Em entrevista à CNBC, o fundador da Alibaba, empresa de comércio eletrónico responsável pela maior Oferta Pública Inicial (OPI) da história, disse que ser o homem mais rico da China lhe estava a causar uma “grande dor”. “Eu quero que as pessoas olhem para mim e vejam um empreendedor, um homem que está a divertir-se por ser ele próprio. Quero ser eu próprio”, disse Jack Ma. 
 
No dia em que entrou para a bolsa, 19 de setembro de 2014, a empresa de Jack Ma encaixou 19,48 mil milhões de euros. Esta terça-feira, a empresa bateu outro recorde: 7,4 mil milhões de euros em vendas em 24 horas, naquele que é considerado o dia do consumo chinês, o dia dos solteiros.

À CNBC, Jack Ma disse que não se sentia muito feliz, mas que tentava contrariar esse sentimento. “Tento fazer-me feliz, porque sei que se não estiver feliz, os meus colegas também não estão, nem os meus acionistas, nem os meus consumidores”, explicou, acrescentando que o valor recorde da OPI pode ter contribuído para o stress em que tem vivido. Ser o homem mais rico da China estava a causar-lhe uma série de “dores de cabeça”.

Porquê? As hipóteses apresentadas por Jack Ma são várias: as ações estão a subir, as pessoas podem estar a depositar expectativas demasiado altas, pode estar a pensar demasiado no futuro ou a preocupar-se com muitas coisas ao mesmo tempo. Apesar de admitir que está contente com os resultados da OPI, revela que quando as pessoas “pensam muito bem” de alguém, é responsabilidade dessa pessoa acalmar e ser ela própria.
“Quando comecei a Alibaba, perguntei à minha mulher se ela queria que o marido fosse o homem mais rico do mundo ou que fosse respeitado no mundo dos negócios e ela disse que queria que eu fosse respeitado. Nunca pensámos que era possível ser o homem mais rico”, disse.
Com uma fortuna pessoal avaliada em 15,6 mil milhões de euros, segundo o ranking de 2014 da Forbes, Jack Ma passou a liderar a lista dos homens mais ricos da China, que inclui 242 bilionários. Depois da OPI da Alibaba, o empreendedor já adiantou que está a ponderar avançar com outra OPI. Desta vez é a Alipay, empresa irmã da Alibaba para a área financeira, que pode passar a ser admitida para negociação em bolsa.

Para superar a dor que sente, Jack Ma sugeriu que anda à procura de formas que permitam devolver o dinheiro à sociedade, mas que qualquer atitude filantrópica deve ser “eficiente e efetiva”, “porque gastar dinheiro é bem mais difícil do ganhá-lo”. Uma fundação à semelhança do que fez Bill Gates? Talvez, sugeriu Jack Ma, uma fundação que “possa gastar dinheiro de uma forma empresarial”.

A 11 de novembro, comemora-se uma espécie de anti-dia de São Valentim na China. A Alibaba transformou o conceito numa ode ao consumo em 2009 e este ano a empresa bateu outro recorde em vendas: 7,4 mil milhões de euros em 24 horas. Jack Ma adiantou que até isso lhe estava a causar stress, porque agora tinha de pensar em toda a logística para cumprir com as previsões de entregas das compras, três dias.

É a velha questão: pode o dinheiro comprar a felicidade? Segundo um estudo publicado no Wall Street Journal, não é a riqueza, por si só, que garante uma boa vida. O que faz a diferença no bem-estar das pessoas é a forma como elas gastam o dinheiro. Dar dinheiro faz as pessoas mais felizes do que gastá-lo com elas próprias. E, se o fizerem, a felicidade chega mais através do consumo de experiências, como viagens, do que através de bens materiais. A Jack Ma, não lhe falta dinheiro, mas falta felicidade.
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Reportagem por Ana Pimentel. Nasci na Figueira da Foz para 15 anos depois me apaixonar por Lisboa. A sede de escrever, aprender e comunicar já existia - é uma luta antiga. Antes de Observar, escrevi para meios como o Jornal de Negócios, Exame/Expresso, Up Magazine, Saber Viver, Nau XXI, BioNews Texas, entre outros. A sede continua, a paixão também. Estão cada vez maiores, na verdade.
Fonte:  http://observador.pt/2014/11/11/

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