quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Celibato em crise?

Felipe Klafke Konzen*



Passam os tempos e alguns assuntos continuam a despertar o interesse em muitas pessoas. Um deles é o celibato. É incrível como a maneira de viver de uma minoria possa causar tantas discussões. E o mais interessante é que poucos desses debates são polemizados por aqueles que vivem essa opção, os sacerdotes e religiosos em sua maioria. Os artigos e as lamúrias inflamadas partem justamente de quem muitas vezes não tem nada a ver com isso. É curioso, mas não se vê, por exemplo, um padre dizendo com quem esse ou aquele deve se casar ou para que time seus paroquianos devem torcer. Isto porque não lhes diz respeito. Então, por que tantos se julgam no direito de optar ou não por uma escolha da qual não são eles que devem fazer, mas sim os padres e as freiras?


A resposta talvez seja porque justamente a vida de perfeita castidade por amor ao Reino de Deus, a razão última do celibato é o amor e não a privação deste, seja um grito silencioso nos ouvidos de consciências entorpecidas por uma sexualidade mal vivida, como que a dizer a estas que a pureza ainda hoje é possível!

A Igreja nos ensina que: “Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a cuidar das Suas coisas, entregam-se – os sacerdotes – inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus!”.

O fundamento da vida celibatária encontra-se no “amor ao Reino dos Céus” (Mt 19,12). Ele não existe por questões econômicas, portanto, ou por desprezo às mulheres, porque muitas delas também vivem este estilo de vida, ou porque se é contra relações sexuais, a Igreja é a entidade no mundo que mais defende a família e o matrimônio! O celibato existe primeiramente por um desejo de maior identificação a Cristo, também Ele celibatário. Depois, para permitir uma maior fecundidade apostólica no mundo. Lembremos aqui, por exemplo, João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá, exemplos concretos de paternidade e maternidade espirituais que justamente por serem célebes é que puderam amar tanto e tão bem.

É claro que nem todos aqueles que se propuseram livremente viver a vida celibatária a fizeram de maneira exemplar, mas com toda a certeza falamos aqui de uma minoria. Ora, não é porque alguns maridos ou algumas esposas são infiéis, que a solução para o matrimônio esteja na poligamia ou em uma vida de infidelidades. Porque uma técnica em enfermagem é acusada de causar a morte de crianças, fecharemos todas as pediatrias? Claro que não!

Vivemos em uma sociedade dita bastante liberal, aberta aos vários tipos de vida, a liberdade de expressão. Então, deixemos que aqueles que encontraram-se com a fonte do amor, o expressem de maneira livre! É urgente reconhecer o celibato consagrado como valor para nossa sociedade e é urgente deixarmos que eles, que testemunham este valor, possam viver sua opção em paz!

*Padre, reitor do Seminário Menor Maria Auxiliadora, de Dois Irmãos
FONTE: ZH online, 03/12/2009

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