Elton Moreira Quadros*
Para Berdiaeff, Dostoievski foi o pensador que mais esteve ligado ao homem, encontrando até na mais decadente das criaturas humanas a imagem e semelhança com Deus. Mas seu amor ao homem não foi o amor dos humanistas. Ele associa neste amor uma simpatia infinita com certa aspereza. Prediz aos homens o caminho do sofrimento. Isto está em nexo com o fato de, na sua concepção antropológica, estarencerrada a idéia da liberdade (ou seria livre arbítrio).
Sem liberdade o homem não existe. E Dostoievski conduz toda esta dialética acerca do homem e seu destino como a dialética do destino da liberdade. Ora, o caminho da liberdade é o caminho do sofrimento, que, até o fim, deve ser percorrido pelo homem. Podemos acreditar que em Dostoievski o homem é lançado ao caminho da liberdade e do sofrimento para daí sair não como um robô que age mecanicamente, mas como um ser livre que, renascido na profundidade do seu sofrimento, vê revelado em si mesmo — o enigma do seu destino.
*Professor de Filosofia no Instituto Nossa Senhora das Vitórias.
Fonte: Revista Espaço Acadêmico - Nº 103 - Dezenmbro de 2009
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