ROLDAN-ROLDAN*
Tão charmosa. Tão elegante. Tão sutil. Tão discreta — quase como naquele
filme clássico de Buñuel. Ah, inefável charme da classe média! Ah,
indelével encanto da classe média! Se ela não existisse, eu a inventaria
em meus livros — parodiando a canção de Joe Dassin. E a faria dançar
mambo, rumba ou salsa com a leveza de uma hipopótama prenhe.
Irônico? Levemente. É claro que pretendo falar do lado equino (com perdão do cavalo, nobre animal), paquidérmico (com perdão do elefante, belo animal), bovino (com perdão da vaca, sagrado animal) e claro, do suíno (com perdão do porco, simpático animal). Um vídeo da admirável Marilena Chauí sobre as “boas maneiras” da classe média me fez pensar no assunto e me instigou a escrever sobre ele. Ou seja, sobre a má educação, sobre os hábitos vulgares, sobre a total falta de educação de uma faixa social que se situa entre a espontaneidade do povão e a classe da alta burguesia. Haja paciência para aturar a grossura dos nouveaux riches e de sua já proverbial arrogância.
Enumeremos alguns traços de comportamento eloquentes dessa gente fina como o corpo de um rinoceronte. Por sinal, acrescentemos que nessa grossura há — como mencionado acima — uma boa dose de arrogância típica do novo rico. Num restaurante, após a refeição, essas pessoas se levantam e não são capazes de empurrar a cadeira para a mesa para deixar a passagem livre, obrigando o comensal que venha atrás a fazer o gesto para poder passar. Parar carrinho no meio do corredor em supermercado, impedindo a passagem dos outros clientes. Digamos que jogar na rua embalagens de papel, plástico ou metal, seja mais coisa de povão — mas nem sempre. No trânsito, nem se fala. É parar na calçada. É entrar na contramão, à noite, em ruas de pouco movimento. É não respeitar a faixa de pedestres. É não respeitar farol. E assim por diante.
No cinema é um desastre. As cocotas da jeunesse dorée (via de regra burrinhas e ignorantes) falam que nem matracas durante a sessão, ou com as amiguinhas ou no celular. Mas há também respeitáveis peruas, ou veneráveis vovós que não resistem a uma fofoca no escurinho da sala.
Tudo isso sem mencionar o estalo do refrigerante que se abre ou do desembrulhar de embalagens — exatamente como se estivessem em suas salas de estar assistindo a TV. Ou seja, sem o menor respeito pelos outros espectadores. E não falemos do lixo jogado no chão, pois essas pessoas são incapazes de pegar o lixo do consumo durante a sessão e, no fim do filme, colocá-lo nas lixeiras. Comem e sujam como porcos. E ainda por cima põem as patas nas poltronas ou no respaldo do assento que se encontra a frente. Chegar atrasado em peças, shows, concertos, recitais e incomodar os outros espectadores, é a coisa mais comum — e considerada natural. E, num grau menor, mas que não deixa de ser mal-educado, não responder a e-mails que requerem resposta ou não responder a mensagens na caixa postal do telefone fixo ou celular que pedem resposta.
É claro que a educação começa em casa e prossegue (ou deveria prosseguir) na escola. Mas não se pode esperar muito de pais e professores mal-educados no sentido de eles transmitirem os princípios elementares de comportamento social. Digamos que se a TV servisse para alguma coisa — além de embrutecer as pessoas e enervar com publicidades cretinas — faria campanhas pela boa educação que, no final das contas, é respeito pelo próximo.
Irônico? Levemente. É claro que pretendo falar do lado equino (com perdão do cavalo, nobre animal), paquidérmico (com perdão do elefante, belo animal), bovino (com perdão da vaca, sagrado animal) e claro, do suíno (com perdão do porco, simpático animal). Um vídeo da admirável Marilena Chauí sobre as “boas maneiras” da classe média me fez pensar no assunto e me instigou a escrever sobre ele. Ou seja, sobre a má educação, sobre os hábitos vulgares, sobre a total falta de educação de uma faixa social que se situa entre a espontaneidade do povão e a classe da alta burguesia. Haja paciência para aturar a grossura dos nouveaux riches e de sua já proverbial arrogância.
Enumeremos alguns traços de comportamento eloquentes dessa gente fina como o corpo de um rinoceronte. Por sinal, acrescentemos que nessa grossura há — como mencionado acima — uma boa dose de arrogância típica do novo rico. Num restaurante, após a refeição, essas pessoas se levantam e não são capazes de empurrar a cadeira para a mesa para deixar a passagem livre, obrigando o comensal que venha atrás a fazer o gesto para poder passar. Parar carrinho no meio do corredor em supermercado, impedindo a passagem dos outros clientes. Digamos que jogar na rua embalagens de papel, plástico ou metal, seja mais coisa de povão — mas nem sempre. No trânsito, nem se fala. É parar na calçada. É entrar na contramão, à noite, em ruas de pouco movimento. É não respeitar a faixa de pedestres. É não respeitar farol. E assim por diante.
No cinema é um desastre. As cocotas da jeunesse dorée (via de regra burrinhas e ignorantes) falam que nem matracas durante a sessão, ou com as amiguinhas ou no celular. Mas há também respeitáveis peruas, ou veneráveis vovós que não resistem a uma fofoca no escurinho da sala.
Tudo isso sem mencionar o estalo do refrigerante que se abre ou do desembrulhar de embalagens — exatamente como se estivessem em suas salas de estar assistindo a TV. Ou seja, sem o menor respeito pelos outros espectadores. E não falemos do lixo jogado no chão, pois essas pessoas são incapazes de pegar o lixo do consumo durante a sessão e, no fim do filme, colocá-lo nas lixeiras. Comem e sujam como porcos. E ainda por cima põem as patas nas poltronas ou no respaldo do assento que se encontra a frente. Chegar atrasado em peças, shows, concertos, recitais e incomodar os outros espectadores, é a coisa mais comum — e considerada natural. E, num grau menor, mas que não deixa de ser mal-educado, não responder a e-mails que requerem resposta ou não responder a mensagens na caixa postal do telefone fixo ou celular que pedem resposta.
É claro que a educação começa em casa e prossegue (ou deveria prosseguir) na escola. Mas não se pode esperar muito de pais e professores mal-educados no sentido de eles transmitirem os princípios elementares de comportamento social. Digamos que se a TV servisse para alguma coisa — além de embrutecer as pessoas e enervar com publicidades cretinas — faria campanhas pela boa educação que, no final das contas, é respeito pelo próximo.
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* Colunista do Correio Popular
Fonte: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/02/04
Imagem da Internet
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