PAULO SANT’ANA*
O Nílson Souza me telefonou aflito: “Que coisa boa te ouvir. A internet está bombando, estão dizendo que morreste. Acho melhor tu falares na Gaúcha para desmentir”.
As pessoas telefonavam para a rádio e ficavam sabendo que eu ainda não morrera.
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Tenho aqui em mãos a notícia que originou a celeuma: “Faleceu às 21h do dia de hoje um dos mais renomados colunistas e escritores do RS, vítima de câncer, aos 73 anos de idade (e uma fotografia minha acabou estampada)”.
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Que coisa boa, ainda não morri. Vou continuar comendo camarão.
Não sei por que, mas sinto-me como se tivesse renascido.
A sensação de ter ressuscitado é meio estranha. Depois que saí da tumba, corri aqui para Zero Hora para ser visto pelos apóstolos.
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Interessante, pararam todos os relógios e a internet começou a gritar no noticiário que eu morri.
Logo a seguir, os desmentidos: “Não, o Sant’Ana não morreu, está na Serra. Está bem vivo, respirando o ar da nossa terra”.
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Que sensação! Acordei-me dentro de um grande caixão, entre tíbias, patelas, fêmures e úmeros. Os coveiros reviraram os ossos e me descobriram íntegro entre as ossaturas.
Estou aqui, para o que der e vier. Ainda tenho muito que aproveitar na vida, vou ainda comer muitas saladas de frutas e gozarei ainda de um infinito número de bate-papos na Rua Padre Chagas.
Coisa boa que vou poder continuar trabalhando.
Coisa boa é viver!
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* Cronista da ZH
Fonte: ZH on line, 14/02/2013
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