Jorge Massarolo*
Heróis. Verdadeiros heróis. Sem capa, espada, superpoderes ou máscaras.
Falo da gurizada que heroicamente não hesitou em dar sua vida para
salvar a de outros na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria. Eles
estavam dentro da casa noturna, conseguiram sair, mas não foram embora,
não se acovardaram não se esconderam atrás do medo e do egoísmo,
voltaram para dentro do inferno para salvar amigos, namoradas ou
desconhecidos.
E não foi uma única vez. Foram várias vezes até que, esgotados pelo cansaço e vencidos pela fumaça assassina, acabaram sucumbindo dentro da boate. Pergunto caro leitor, você teria essa bravura, essa coragem de por sua vida em risco por outros? Esses heróis eram jovens, solteiros, pais de famílias, trabalhadores e estudantes que tinham muito a perder. Perderam suas vidas, mas ganharam o respeito e o título digno de heróis.
O depoimento na TV de uma mulher recém-casada, grávida, que perdeu seu marido, é emocionante. No quarto da filha que está por nascer ela acaricia a cama e diz: “Nossa filha vai saber que seu pai foi um herói, que morreu para salvar outras pessoas”, consola-se. E o aluno de educação física que estava prestes a se formar e entrou várias vezes na boate para salvar pessoas, até que não conseguiu mais sair. O pai conta que num primeiro momento chegou a pensar em dar um “puxão de orelha” no filho, já no caixão: ‘Guri, por que você foi fazer isso, porque não fugiu e se salvou’, pensou, numa tentativa de conter sua dor. Mas não poderia fazer isso, pois sabia que seu filho é um exemplo de pessoa, um herói, que colocou à frente a humanidade, a coragem, o respeito e a raça.
São muitos os exemplos de solidariedade e heroísmo na tragédia da cidade gaúcha, desde os taxistas, que mobilizaram toda a frota da região central para transportar os feridos para hospitais; do motorista de uma Kombi que levava quatro jovens para o hospital e de repente percebeu um silêncio no carro; todos haviam morrido; dos caras que quebraram a parede da boate a marretadas; da estudante que passou pelos hospitais distribuindo água para pais, parentes, jornalistas etc; dos voluntários que trabalharam sem parar para salvar vidas; da emoção da mulher Dilma Rousseff que não hesitou em mudar seus planos para abraçar e chorar com os pais; dos jovens inconformados com a morte de seus amigos; das salas de aula da UFSM silenciosas; de cursos que perderam metade de seus alunos; dos pais, as maioria colonos do interior do Rio Grande do Sul, orgulhosos por terem um filho na universidade federal, confiante num futuro promissor.
O Brasil precisa agora de outro tipo de herói, aquele que tem o poder para fazer valer as leis que impeçam tais tragédias. Que tenha coragem de enfrentar os trapaceiros da lei e da ordem e que tenha força e coragem suficiente para não sucumbir ao poder da corrupção e do dinheiro fácil. A fumaça de Santa Maria deve gerar uma mudança obrigatória sobre a lei da impunidade e da vantagem. É a hora da lei da verdade. Sem ações midiáticas que caem no esquecimento em um mês. Mais de duzentos jovens tiveram que perder a vida para que o País acordasse. Santa Maria rogai por seus heróis.
E não foi uma única vez. Foram várias vezes até que, esgotados pelo cansaço e vencidos pela fumaça assassina, acabaram sucumbindo dentro da boate. Pergunto caro leitor, você teria essa bravura, essa coragem de por sua vida em risco por outros? Esses heróis eram jovens, solteiros, pais de famílias, trabalhadores e estudantes que tinham muito a perder. Perderam suas vidas, mas ganharam o respeito e o título digno de heróis.
O depoimento na TV de uma mulher recém-casada, grávida, que perdeu seu marido, é emocionante. No quarto da filha que está por nascer ela acaricia a cama e diz: “Nossa filha vai saber que seu pai foi um herói, que morreu para salvar outras pessoas”, consola-se. E o aluno de educação física que estava prestes a se formar e entrou várias vezes na boate para salvar pessoas, até que não conseguiu mais sair. O pai conta que num primeiro momento chegou a pensar em dar um “puxão de orelha” no filho, já no caixão: ‘Guri, por que você foi fazer isso, porque não fugiu e se salvou’, pensou, numa tentativa de conter sua dor. Mas não poderia fazer isso, pois sabia que seu filho é um exemplo de pessoa, um herói, que colocou à frente a humanidade, a coragem, o respeito e a raça.
São muitos os exemplos de solidariedade e heroísmo na tragédia da cidade gaúcha, desde os taxistas, que mobilizaram toda a frota da região central para transportar os feridos para hospitais; do motorista de uma Kombi que levava quatro jovens para o hospital e de repente percebeu um silêncio no carro; todos haviam morrido; dos caras que quebraram a parede da boate a marretadas; da estudante que passou pelos hospitais distribuindo água para pais, parentes, jornalistas etc; dos voluntários que trabalharam sem parar para salvar vidas; da emoção da mulher Dilma Rousseff que não hesitou em mudar seus planos para abraçar e chorar com os pais; dos jovens inconformados com a morte de seus amigos; das salas de aula da UFSM silenciosas; de cursos que perderam metade de seus alunos; dos pais, as maioria colonos do interior do Rio Grande do Sul, orgulhosos por terem um filho na universidade federal, confiante num futuro promissor.
O Brasil precisa agora de outro tipo de herói, aquele que tem o poder para fazer valer as leis que impeçam tais tragédias. Que tenha coragem de enfrentar os trapaceiros da lei e da ordem e que tenha força e coragem suficiente para não sucumbir ao poder da corrupção e do dinheiro fácil. A fumaça de Santa Maria deve gerar uma mudança obrigatória sobre a lei da impunidade e da vantagem. É a hora da lei da verdade. Sem ações midiáticas que caem no esquecimento em um mês. Mais de duzentos jovens tiveram que perder a vida para que o País acordasse. Santa Maria rogai por seus heróis.
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* Colunista do Correio Popular
Fonte: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/02/colunistas/jorge_massarolo/arquivos/29501-os-verdadeiros-herois.html
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