L. F. Veríssimo*
Dos ditos populares, o mais irônico– pra não dizer
cínico – é “Pra baixo todo santo ajuda”. O dito não discute a existência
de santos e sua influência em nossas vidas, mas os divide em duas
categorias, os poucos que nos ajudam nos momentos difíceis, de grande
esforço, como subir uma ladeira, e a maioria que só se apresenta na hora
da descida, quando nem precisaríamos de ajuda. Seriam os santos
oportunistas, atrás de uma glória que não merecem.
Outro dito sábio e irônico, que está sendo muito citado depois da tragédia em Santa Maria, é “Porta arrombada, tranca de ferro”. Este trata das reincidentes providências tomadas para que um fato não aconteça, depois do fato acontecido. Foi preciso que quase 250 pessoas morressem para que coisas como revestimento inflamável, alvarás vencidos, falta de saídas de emergência e sinalização interna, etc. passassem a fazer parte das nossas conversas cotidianas, numa súbita descoberta do mundo de riscos iminentes e desconhecidos habitado por boa parte da população, principalmente a população jovem.
O Ivan Lessa disse que de quinze em quinze anos o Brasil esquece a sua história. Ou mais ou menos isso. Lessa foi otimista. A memória brasileira é bem mais curta. Não faz quinze anos que o Renan Calheiros teve que renunciar ao seu mandato para não ser expulso do Congresso. Hoje é candidato à presidência do Senado (estou escrevendo antes da eleição, mas Calheiros era tido como barbada). Na época da sua renúncia houve grande indignação, mas a indignação brasileira – como a memória– dura pouco. É fácil indignar-se. Para nos indignarmos, não falta a ajuda de todos os santos. Para que a indignação dure e tenha consequência, precisamos de um empurrãozinho dos santos mais constantes. Que andam muito relapsos.
No caso dos crimes em Santa Maria, só nos resta esperar que a indignação dure o bastante para ter consequência. Que as providências que evitarão outra tragédia parecida sejam tomadas antes que a indignação seja engolida pela memória curta e desapareça.
E “quem esquece a história está condenado a repeti-la”. Disse não me lembro quem.
Outro dito sábio e irônico, que está sendo muito citado depois da tragédia em Santa Maria, é “Porta arrombada, tranca de ferro”. Este trata das reincidentes providências tomadas para que um fato não aconteça, depois do fato acontecido. Foi preciso que quase 250 pessoas morressem para que coisas como revestimento inflamável, alvarás vencidos, falta de saídas de emergência e sinalização interna, etc. passassem a fazer parte das nossas conversas cotidianas, numa súbita descoberta do mundo de riscos iminentes e desconhecidos habitado por boa parte da população, principalmente a população jovem.
O Ivan Lessa disse que de quinze em quinze anos o Brasil esquece a sua história. Ou mais ou menos isso. Lessa foi otimista. A memória brasileira é bem mais curta. Não faz quinze anos que o Renan Calheiros teve que renunciar ao seu mandato para não ser expulso do Congresso. Hoje é candidato à presidência do Senado (estou escrevendo antes da eleição, mas Calheiros era tido como barbada). Na época da sua renúncia houve grande indignação, mas a indignação brasileira – como a memória– dura pouco. É fácil indignar-se. Para nos indignarmos, não falta a ajuda de todos os santos. Para que a indignação dure e tenha consequência, precisamos de um empurrãozinho dos santos mais constantes. Que andam muito relapsos.
No caso dos crimes em Santa Maria, só nos resta esperar que a indignação dure o bastante para ter consequência. Que as providências que evitarão outra tragédia parecida sejam tomadas antes que a indignação seja engolida pela memória curta e desapareça.
E “quem esquece a história está condenado a repeti-la”. Disse não me lembro quem.
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* Jornalista. Escritor. Cronista da ZH
Fonte: ZH on line, 04/02/2013
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