Papa aposentado ainda é infalível?
Drones e o papa
O Drone é um sonho de arma. Realiza o ideal de qualquer soldado, que é
o de matar inimigos sem o risco de morrer também. O Drone é controlado a
distância, sua “tripulação” nunca sai do chão e seus ataques são
guiados, imagino, por comandos parecidos com os de um videogame.
Foguetes e bombas são disparados dos Drones com simples toques dos
dedões e os resultados aparecem na tela para serem comemorados. Como nos
videogames.
De certa forma, o Drone é a última etapa de uma
evolução que vem vindo desde que a única arma de guerra era o tacape e
os homens buscavam maneiras mais assépticas de se matarem. Daí
inventaram a lança, o arco e flecha, a catapulta, o canhão – tudo para
aumentar a distância entre os guerreiros e evitar os respingos de
sangue. Com o Drone chega-se perto da perfeição. Já se pode liquidar
inimigos da poltrona.
Mas, ao contrário dos videogames, os Drones
matam gente, e indiscriminadamente. Hoje, não se fala mais em
bombardeios “cirúrgicos”, talvez porque estivesse ficando muito mal para
a cirurgia. Os ataques de Drones americanos no Afeganistão eliminam os
alvos e o que estiver por perto, e crescem as estatísticas de efeitos
colaterais como a morte de crianças, entre outros inocentes. Nos Estados
Unidos, tem havido protestos contra o uso de Drones, mas o presidente
Obama e seu novo secretário da Defesa já disseram que o aprovam. Afinal,
até hoje não há caso de um avanço na tecnologia da guerra que tenha
sido suspenso por motivos humanitários. Ninguém mais usou bombas
nucleares depois das de Hiroshima e Nagasaki, é verdade, mas porque
usá-las seria suicídio. Os Drones, à prova de retaliação, são o exato
oposto das bombas nucleares. Que, de qualquer maneira, continuam
estocadas, de prontidão.
A próxima etapa da evolução pode ser a
substituição de soldados por robôs. O ascetismo chegaria ao máximo e
ninguém mais morreria em ação. Pelo menos do lado americano.
Papa móvel
Eu não sabia que papa podia pedir demissão. Aparentemente, Bento não
será o primeiro, houve outros, há muito tempo. Uma questão: papa
aposentado continua infalível ou esta qualidade é do cargo e não do
homem? A situação do novo papa pode ser parecida com a da Dilma com
relação ao Lula, que mesmo afastado continua dando palpite. Guardadas,
claro, as devidas proporções.
---------
* Escritor. Cronista da ZH
Imagem da Internet
Fonte: ZH on line, 14/02/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário