A campanha de aviões não tripulados dos EUA se tornou símbolo de um tipo de guerra nas sombras (Reprodução/Internet)
Os assassinatos teleguiados de alvos têm gozado de raro apoio bipartidário nos Estados Unidos. Mas o debate sobre como o país elimina seus inimigos está ficando mais acalorado
Os aviões-robô se tornaram a arma de escolha nos Estados Unidos.
Para a surpresa de alguns, o programa, que começou na administração de
George W. Bush, foi sensivelmente expandido por Barack Obama.
A campanha de aviões não tripulados dos EUA se tornou símbolo de um
novo tipo de guerra nas sombras, lutada com um bisturi, ao invés de com
um martelo. É a história desse tipo de guerra, declarada em territórios
distantes por espiões, forças especiais e máquinas de matar robotizadas,
que o repórter do New York Times e ganhador de um Pulitzer, Mark
Mazzetti, conta com astúcia e com uma variedade de detalhes novos no
livro ?The way of the knife? (O caminho da faca, não lançado no Brasil).
No ultimo mês de 2001, após o ataque às Torres Gêmeas, a Casa Branca
designou a CIA para uma caçada humana global. Enquanto um Pentágono
sobrecarregado se empenhava em levar ?choque e terror? ao Iraque, o
centro de combate ao terrorismo da agência se tornou o polo de uma
campanha para matar ou capturar qualquer um que tivesse ligações com a
al-Qaeda. Foi preciso esperar que Obama se tornasse presidente e
assinasse ordens executivas banindo a técnica de interrogatório
intensificado, bem como a ordem de fechar os campos de detenção da CIA
em países estrangeiros, que a agência mudou de rumo. Entretanto, é um
paradoxo para os liberais que o grande aumento no
número de ataques teleguiados nos acampamentos da al-Qaeda (com o seu
inevitável número de baixas civis), presidido por Obama tenha sido uma
consequência direta da sua tentativa de drenar o pântano moral e legal
deixado pela administração anterior.
A campanha de aviões-robôs ainda recebe um apoio bipartidário não
característico nos EUA e atribui-se a ela os severos danos causados à
al-Qaeda. Mas as preocupações a seu respeito estão crescendo, e não só
entre os grupos que lutam pelas liberdades civis. Obama quer levar maior
transparência e retidão legal à maneira como os EUA eliminam seus
inimigos.
A última palavra no livro quase fica com Richard Blee, um dos
arquitetos da campanha teleguiada. Hoje aposentado da CIA, ele diz: ?Nos
primeiros momentos, pelas nossas consciências, queríamos saber quem
estávamos matando antes que qualquer um puxasse o gatilho. Hoje, estamos
executando essas pessoas de maneira generalizada… se vamos emitir
sentenças de morte, deve haver transparência e discussão pública sobre o
assunto?. A nova maneira norte-americana de fazer guerra está aí, mas o
debate sobre ela está apenas começando. Em seu livro, Mazzetti deu uma
contribuição de grande valor para ele.
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http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/avioes-robo-a-polemica-maquina-de-matar-americana/
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