quinta-feira, 18 de abril de 2013

Decadência cultural pode nos levar de volta às cavernas, diz Vargas Llosa em SP

 
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 77, abriu na noite desta quarta-feira a edição 2013 do ciclo Fronteiras do Pensamento com uma conferência sobre a banalização da cultura. 

O Prêmio Nobel falou durante uma hora, no teatro Geo, em São Paulo, sobre o tema "A Civilização do Espetáculo", nome de livro publicado por ele em espanhol no ano passado e com lançamento previsto para setembro no Brasil. 

"A cultura não é o mesmo que já foi no passado. O conceito de cultura é tudo, então de certa forma é nada", resumiu o escritor. 

Ele exemplificou citando alguns usos do termo cultura na mídia: "Cultura heterossexual", "cultura do reggae", "cultura da cocaína". 

Avener Prado/Folhapress
Escritor peruano Mario Vargas Llosa abre em São Paulo edição 2013 do ciclo Fronteiras do Pensamento
Escritor peruano Mario Vargas Llosa abre em São Paulo edição 2013 do ciclo Fronteiras do Pensamento  
Vargas Llosa disse que teve a ideia de fazer o livro quando visitou há mais ou menos dez anos uma edição da Bienal de Veneza. "Não levaria nenhum daqueles quadros para casa. E pior, tive a sensação de que estavam tirando sarro da minha cara." 

As artes plásticas contemporâneas foram os grandes alvos do discurso. Como já havia feito em outras ocasiões, criticou em especial o artista britânico Damien Hirst, que considera o emblema desta frivolização da arte. O universo artístico está virando uma grande Disneylândia, acrescentou. 

Segundo o intelectual, que já havia participado do ciclo Fronteiras do Pensamento em 2010, pouco depois de ganhar o Nobel, a mesma cultura que nos tirou das grutas e nos levou às estrelas pode, desprovida de fogo, de vigor, nos fazer retroceder às cavernas. 
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Reportagem CASSIANO ELEK MACHADO DE SÃO PAULO
Fonte: Folha on line, 17/04/2013

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