Excertos da homilia que o papa Francisco proferiu este
domingo na basílica de São Paulo Fora de Muros, em Roma, onde vincou
que o anúncio da fé é inseparável de comportamentos coerentes com as
convicções cristãs.
«Será que somos capazes de levar a palavra de Deus ao
ambiente em que vivemos? Sabemos como falar de Cristo, do que ele
representa para nós, nas nossas famílias, entre as pessoas que fazem
parte de nossa vida diária? A fé nasce da escuta, e é reforçada pela
proclamação.»
«A proclamação feita por Pedro e os Apóstolos não
consiste simplesmente de palavras: a fidelidade a Cristo afeta
inteiramente as suas vidas, que são alteradas e ficam com uma nova
direção, e é através das suas vidas que dão testemunho da fé e da
proclamação de Cristo.»
«Não podemos alimentar o rebanho de Deus se não nos
deixarmos levar pela vontade de Deus, mesmo quando preferimos não ir, a
não ser que estejamos preparados para dar testemunho de Cristo com o
dom de nós mesmos, sem reservas, não de forma calculista, às vezes
mesmo com o custo de nossas vidas. Mas isto aplica-se a todos: todos
nós temos que anunciar e testemunhar o Evangelho.»
«Todos nós nos devemos perguntar: como é que eu dou
testemunho de Cristo através da minha fé? Tenho a coragem de Pedro e dos
outros Apóstolos para pensar, escolher e viver como cristão, obediente
a Deus?»
REUTERS/Max Rossi
«O testemunho de fé acontece de maneiras muito
diversas; assim como num grande fresco, há variedade de cores e tons,
mas todos eles são importantes, mesmo aqueles que não se destacam. No
grande plano de Deus cada detalhe é importante, até mesmo o vosso, até
mesmo o meu humilde e pequeno testemunho, até mesmo o testemunho oculto
daqueles que vivem a sua fé com simplicidade nas relações familiares
quotidianas, relações de trabalho, amizades. São os santos de cada dia,
os santos "escondidos", uma espécie de "classe média de santidade" à
qual todos nós podemos pertencer.»
«Mas em diferentes partes do mundo há também aqueles
que sofrem, como Pedro e os Apóstolos, por conta do Evangelho; há
aqueles que dão as suas vidas a fim de permanecerem fiéis a Cristo por
meio de um testemunho marcado pelo derramamento de seu
sangue. Recordemos todos: não se pode anunciar o Evangelho de Jesus sem
o testemunho tangível da sua vida.»
REUTERS/Max Rossi
«A inconsistência por parte de pastores e dos fiéis
entre o que dizem e o que fazem, entre a palavra e o modo de vida, está
a minar a credibilidade da Igreja.»
«Isto é importante para nós: viver uma intensa relação
com Jesus, uma intimidade de diálogo e de vida, de tal forma a
reconhecê-lo como "o Senhor", e adorá-lo.»
«Vós, eu, adoramos o Senhor? Voltamo-nos para Deus
apenas para pedir coisas, para lhe agradecer ou também nos voltamos para
Ele para o adorar? O que significa, então, adorar a Deus? Significa
aprender a estar com ele, significa que paramos de tentar dialogar com
Ele, e significa sentir que a sua presença é o mais verdadeiro, o bem
maior, o mais importante de tudo.»
REUTERS/Max Rossi
«Temos de nos esvaziar dos pequenos ou grandes ídolos
que temos e nos quais nos refugiamos. nos quais muitas vezes procuramos
basear a nossa segurança. São ídolos que às vezes mantemos bem
escondidos; podem ser ambição, o gosto pelo sucesso, colocarmo-nos no
centro, a tendência para dominar os outros, a pretensão de sermos os
únicos dominadores das nossas vidas, alguns pecados a que estamos
ligados, e muitos outros.»
«Adorar despoja-nos dos nossos ídolos, mesmo dos mais
ocultos, e faz-nos escolher o Senhor como o centro, como a estrada das
nossas vidas.»
Papa Francisco
Roma, 14.4.2013
Roma, 14.4.2013
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