Almodóvar, amor e humor
Não acho que Abraços Partidos, de Almodóvar, tenha a mesma qualidade de seus maiores filmes, dos quais o mais recente foi Volver. Mas ainda assim é um filme tão acima do que se vê nos cinemas que só se pode recomendar que seja visto. Há um toque hitchcockiano em sua história de uma atriz casada com um milionário e apaixonada pelo diretor, com quem se esconde nas praias vulcânicas de Famara e sofre uma tragédia – com a diferença de que Penélope Cruz é filmada em toda sua beleza sensual, jamais distante, com seus grandes olhos ternos. Há passagens de muito apuro visual, que compensam algumas cenas redundantes, em que vemos os personagens fazendo coisas que nada acrescentam à trama, e o final algo esquemático, como se a cegueira e a saudade tivessem sido melodramaticamente superadas. E há o humor, como sempre. Irmãos Coen, Tarantino, Almodóvar, Woody Allen – o humor deles ao menos tira o cinema de sua rotina de romancezinhos, efeitos especiais e sagas moralizantes.
FONTE: Blog de Daniel Piza, estadão online, 12/12/2009
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